Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

10.13.2005

Mulheres Negras: Mortalidade Materna e Aborto -- uma contribuição à Marcha Zumbi + 10

Alaerte Leandro Martins

Enfermeira da Secretaria de Saúde do Estado do Paraná – SESA/ISEP; Integrante e ex-presidenta do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna do Paraná; Mestre em Saúde Pública pela UEPG, Doutoranda em Saúde Pública, pela FSP/USP (alaerteleandro@terra.com.br)


Vários estudos recentes estimam a mortalidade materna no Brasil e encontraram Fator de Correção 2, ou seja, para cada óbito materno somar um não declarado.1 Victora (2001), após revisão de literatura brasileira de métodos de cálculos de coeficientes, realizou estimativa para o período de 1995-97, chegando a uma Razão de Morte Materna (RMM) de 147/100 mil n.v. (nascidos vivos), o que o levou a concluir que ”juntando todas as fontes mais confiáveis, os níveis da RMM no Brasil parecem haver estado ao redor de 150-200 na década de 1990”.

Volochko (2003) encontrou coeficiente de mortalidade materna para o país de 66,08/100 mil n.v., em 1980, e 64,85 em 1998. Estudo de Laurenti et al (2002), estimou o Fator de Correção de 1,67 para a mortalidade materna para o país, com um aumento em 67% do número de óbitos.

Todos estes estudos resultaram em ações desenvolvidas pelo Ministério da Saúde, sendo a proposta mais recente, lançada em 08 de março de 2004, o “Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal”, envolvendo: Ministério da Saúde, gestores(as), instituições e profissionais de saúde, organizações de classe da área de saúde e organizações feministas e de saúde, cita Oliveira (2004).

O desafio agora é a “estimativa por raça”, ou seja, utilizando o “quesito cor”, conforme recomendado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE): branco, preto, pardo, amarelo e indígena. São raros os estudos que fazem referência à mortalidade materna e ao “quesito cor” no Brasil. Por outro lado, vários estudos na década de 1990 e mais recentemente, como Heringer (2002) e Sant’Anna (2003), apontam a precariedade das condições de vida e saúde da população negra brasileira, em especial das negras.

Enfocando inicialmente a situação de saúde da população negra, principalmente por condições geneticamente determinadas, os estudos discutem hoje questões como eqüidade na assistência e o acesso e, porque não dizer, a própria discriminação existente nos serviços de saúde.

Na mesma linha, Batista (2002) refere que “a morte materna está no grupo das doenças que afetam a população negra: cuja evolução é agravada ou o tratamento é dificultado pela falta de acesso aos serviços de saúde ou má qualidade da atenção”.

Um dado mais incisivo da discriminação racial na assistência é a pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz e a Prefeitura do Rio de Janeiro, quando constataram que hospitais, públicos e particulares, tratam diferenciadamente as gestantes brancas e as negras, sendo que um dos dados do estudo que mais impressionaram os pesquisadores foi o da anestesia no parto normal: 11,1% das mulheres negras não receberam anestésico, pouco mais do que o dobro do percentual das brancas que não foram anestesiadas (5,1%).

Estes estudos têm resultado, dentre outros, na realização de Conferências de Saúde da População Negra em algumas cidades; na impressão pelo Ministério de Saúde do “Manual de Doenças mais importantes por Razões Étnicas, na População Brasileira afro-descendente”, em 2001 e pelo PNUD/OPAS/DFID da “Política Nacional de Saúde da População Negra – Uma Questão de Equidade, Subsídios para o Debate”, em 2002.

É necessário registrar também a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, com status de Ministério, criada pelo atual governo, que junto com o Ministério da Saúde está inserindo o recorte racial no Plano Nacional de Saúde, em processo de elaboração e a realização do “I Seminário Nacional de Saúde da População Negra”, em 2004.

Outra publicação recente que merece divulgação é o livreto “Perspectiva da eqüidade no Pacto Nacional de Redução da mortalidade materna e neonatal – atenção à saúde das mulheres negras”, da área técnica de saúde da mulher.

A perspectiva é maior atenção à saúde da população negra brasileira, conforme os “campos de ação: diretrizes para a efetividade dos direitos sexuais e reprodutivos, onde a saúde deve ser considerada na perspectiva de gênero, criança e do adolescente, raça e etnia, pessoas portadoras de deficiência, com HIV/Aids e privadas de liberdade”, o que é apontado por Ventura et al (2003).

Considerando este contexto, apresentamos alguns resultados de dois estudos: “Diferenciais Raciais nos Perfis e Indicadores de Mortalidade Materna para o Brasil” (2004) e o “Dossiê Aborto – Mortes preveníveis e evitáveis” (2005), que utilizaram os dados de “bases especiais”, com informações das próprias declarações de óbito, investigadas e analisadas por pesquisadores(as) e/ou Comitês de Prevenção de Mortes Maternas, de óbitos maternos ocorridos:

  1. em capitais brasileiras, no primeiro semestre de 2002, dos dados coletados no “Estudo da mortalidade de mulheres de 10 a 49 anos no Brasil” (2002), totalizando 115 óbitos, com identificação de raça/cor constante das próprias Declarações de Óbito (DO). Base denominada CAPITAIS;

  2. no município de São Paulo, entre os anos de 1999 a 2001, procedentes do Comitê Municipal de Prevenção da Mortalidade Materna, totalizando 390 óbitos (a variável raça é investigada desde 1993). Base SÃO PAULO;

  3. nas cidades de Alagoinhas, Feira de Santana e Salvador, entre 2000 e 2002, totalizando 84 óbitos, com investigação de raça/cor realizada pelos respectivos Comitês e Secretaria Municipal de Saúde. Base BAHIA; e

  4. no estado do Paraná entre 2000 e 2002, totalizando 360 casos, do banco de dados do Comitê Estadual de Prevenção da Mortalidade Materna, que investiga raça desde 1993. Base PARANÁ.

Do total de 949 mortes maternas destas bases de dados, 89 foram por aborto.


A MORTALIDADE MATERNA DE MULHERES NEGRAS


Excluindo-se os óbitos tardios, apresentamos na tabela abaixo o cálculo da RMM por regiões brasileiras. Observa-se que as mulheres brancas apresentam a menor RMM 48,73/100 mil n.v., seguidas das negras 72,61, sendo 65,07 para as pardas e 227,60 para as pretas. O total ficou para 56,04/100 mil n.v. Observa-se que a RMM é maior na região nordeste, com 71,32/100 mil n.v. e menor na região sul 41,70; o total ficou em 56,04/100 mil n.v..

Traduzindo a razão em risco de morte materna, encontramos nesta base de dados que as negras apresentaram de 1,7 e 1,8, as pardas 1,5 e 1,6 e as pretas de 5,5 a 7,4 vezes maior risco de óbito em relação às mulheres brancas.


DISTRIBUIÇÃO DOS ÓBITOS MATERNOS*, NASCIDOS VIVOS** E RAZÃO DE MORTALIDADE MATERNA POR 100 MIL NASCIDOS VIVOS SEGUNDO RAÇA, REGIÕES BRASILEIRAS, 2002.


REGIÕES


BRANCAS

OM/NV

RMM

NEGRAS

OM/NV

RMM

PARDAS

OM/NV

RMM

PRETAS

OM/NV

RMM

IGNORADAS

OM/NV


TOTAL***

OM/NV

RMM

NORTE

5/4978

(100,44)

11/24331

(45,21)

10/24205

(41,31)

1/126

(793,65)

3/243


19/30139

(63,04)

NORDESTE


4/8383

(47,71)


24/24573

(97,67)


22/23529

(93,50)


2/1044

(191,57)


6/14321



34/47671

(71,32)

CENTROESTE


3/7057

(42,51)


8/7105

(112,60)


8/6841

(102,32)


-/264



-/5225


11/19544

(56,28)

SUDESTE


14/26133

(53,57)


10/18367

(54,44)


7/17125

(40,87)


3/1242

241,54


2/15953


26/59553

(43,66)

SUL


3/12958

(23,15)


2/1367

(146.30)


-/528



2/839

(238,38)


1/53



6/14389

(41,70)

BRASIL

29/59.509

(48,73)

55/75.743

(72,61)

47/72.228

(65,07)

8/3515

(227,60)

12/35795

96/171.296

(56,04)

Fonte: *Óbitos maternos do estudo de Laurenti et al (2002); excluídos os óbitos tardios; ** nascidos vivos do SINASC, não foi identificado no estudo mulheres da raça/cor amarela e indígena.

Nota: *** inclui amarelas e indígenas.


CONCLUSÃO


Pode-se afirmar que existe grande diferencial para a mortalidade materna das mulheres negras, sendo que as mulheres pretas apresentaram:

  • o maior percentual de correção, 44,4%; de óbitos tardios, 64,7%; de solteiras, 61,19% de renda de um a dois salários mínimos, 60,5%;

  • as maiores razões de mortalidade materna: 562,35/100 mil n.v em São Paulo, 197,77/100 mil n.v. na Bahia, 407,05/100 mil n.v. no Paraná e 227,60/100 mil n.v. na base Capitais, excluindo-se os óbitos tardios;

  • risco relativo de morte materna variando de 3,7 (Bahia) a 8,2 (Paraná);

  • risco relativo de morte materna por DHEG de 8,2 com razão de 85,77/100 mil n. v., sendo as brancas 10,36 e total 11,37/100 mil n.v.;

  • risco relativo de morte materna por hipertensão arterial sistêmica de 18,2 com razão de 50,03/100 mil n.v., sendo brancas 2,75 e total 3,53/100 mil n.v.;

- o cálculo da razão de mortalidade materna na base Capitais para outras raças/cor foi: brancas, 48,73/100 mil, negras 72,61/100 mil, pardas 65,07/100 mil e total 56,04/100 mil n.v., excluindo-se os tardios; em todos as fontes de nascidos vivos utilizados para o cálculo da razão, as mulheres negras, especialmente as pretas, apresentaram sempre os maiores coeficientes;

- as mulheres pardas tiveram uma condição mais favorável, pois o número de nascidos vivos é sempre elevado; considerar que, na dúvida ou desinformação, pacientes e profissionais identificam a raça/cor como parda.

Pudemos também evidenciar que, à medida que há melhoria da informação a tendência é o aumento da confirmação estatística dos riscos para as minorias étnicas; no Paraná baixou de 27,4% para 9,2% o percentual de óbitos maternos com raça ignorada e os nascidos vivos, agora informados, foram apenas 2,5% de ignorados, ao mesmo tempo aumentou de 7,4 para 8,2 o risco das mulheres pretas, o total das negras ficaram com 4,9.

Com este desafio e os dados confirmando os diferenciais raciais na mortalidade materna no Brasil entendemos que a existência do quesito cor nos documentos oficiais foi o primeiro passo para redução das desigualdades. Recomendamos a formulação e implementação de novas práticas e políticas em saúde pública, especialmente para as mulheres negras, que compreendam:

  • a redução da mortalidade materna como uma prioridade nacional, neste sentido todos os esforços devem ser feitos pelo Estado e sociedade brasileira para que o “Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade Materna e Neonatal” seja efetivamente implantado;

  • dar visibilidade à mortalidade materna especificamente através da mídia;

  • manutenção do quesito raça/cor em todos os documentos oficiais e o respectivo controle do preenchimento;

  • treinamento e sensibilização dos profissionais de saúde sobre a importância da atenção, registro e análise dos dados pessoais e sobre raça/cor/etnia e finalmente,

  • total apoio de todas as instâncias do Estado e sociedade brasileira à Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR e Ministério da Saúde, que estão inserindo o recorte racial no Plano Nacional de Saúde e, para tanto, promoveu, entre outros, o “I Seminário Nacional de Saúde da População Negra”, em 2004.


A MORBIDADE POR ABORTO


É necessário ressaltar que a ilegalidade condena todas as mulheres. Tanto faz o aborto ser ou não provocado, ao chegar em um serviço de emergência obstétrica com abortamento em curso ou com complicações decorrentes do aborto, as mulheres são tratadas como criminosas, as últimas a serem atendidas, até que muitas fiquem sequeladas ou morram.

Conforme Carneiro (2005), a criminalização da prática do aborto tem sido muito eficiente em manter uma indústria rendosa de aborto ilegal, sustentada pelas mulheres que o podem realizar em condições seguras nas clínicas especializadas e, também, por aquelas que não dispõem dessas mesmas condições, mas assim mesmo o fazem e o pagam, segundo suas possibilidades, expondo-se às seqüelas e riscos de vida devido às condições inseguras. Para as negras e as pobres, em geral, restam seqüelas definitivas ou a morte, às quais o Estado brasileiro assiste de forma indiferente.

Dependendo do país e das condições de acesso a métodos contraceptivos, admite-se que apenas uma entre três, cinco ou sete mulheres necessite de hospitalização por aborto, e os casos restantes não sejam informados. “Em situação de abortamento, as mulheres nem sempre vão ao hospital, especialmente se a gravidez não era desejada, a menos que ocorra hemorragia intensa ou haja infecção”. (The Alan Guttmacher Institute, 1994), por isso propõe a seguinte metodologia para estimar o número de abortamentos provocados em um país onde o procedimento é ilegal:

Passo 1) Tomar o número total de curetagens por aborto realizadas no sistema de saúde;

Passo 2) Corrigir o dado em 12%, devido a estatísticas incompletas em face de procedimentos realizados por convênio e particulares;

Passo 3) Deduzir 25% do dado corrigido, relativos aos abortos espontâneos;

Passo 4) Multiplicar por um fator de correção que pode ser de 3, ou 5, ou 7, dependendo da fração de mulheres que se imagina que deixam de procurar os serviços de saúde em caso de abortamento. No caso do Brasil, as pesquisadoras Corrêa&Freitas propõem utilizar no mínimo o fator 3,5 (três e meio) e, no máximo, 5 (cinco).

Com esta memória de cálculo teríamos para o Brasil: 201.600 X 3,5 (fator de correção mínimo) = 705.600 abortos provocados/ano ou 201.600 X 5 (fator de correção máximo) = 1.008.000 abortos provocados/ano

Estudos sociológicos mostram que as condições de vida na cidade e o custo para cuidar de uma criança, além das aspirações e necessidades profissionais das mulheres urbanas, elevam a busca de meios para evitar a gravidez e reduzir o número de filhos. É certo que, também, é nas cidades maiores que se pode recorrer com menos receio às clínicas clandestinas de aborto, desde que se tenha o recurso financeiro para isso: atualmente, o preço do procedimento em uma clínica pode variar de R$ 1.500,00 a R$ 3.500,00. Também é possível adquirir Cytotec, com custo variando de R$ 20,00 a R$ 100,00 por comprimido, nas condições da clandestinidade.

Considerando-se a média de 238 mil procedimentos por ano, a partir de 1999, a um custo médio unitário de R$ 125,00, pode-se estimar que o gasto anual do SUS seria da ordem de R$ 29,7 milhões (cerca de 10 milhões de dólares) com internações decorrentes de aborto. Não estão incluídos aqui os casos de abortamento infectado, que evoluem para septicemia e exigem internações prolongadas, administração de antibióticos de alto custo por muitos dias e até internação em CTI! Ou seja, 10 milhões de dólares ainda é uma estimativa aquém dos gastos reais.

No DATASUS é possível obter os dados de internações por aborto classificados em três diagnósticos: “espontâneo”, “aborto por razões médicas” e “outras gravidezes que terminam em aborto”. Não fica esclarecido como é feito esse diagnóstico e nem por que não é utilizada toda a classificação da CID-10. Entre 1999 e 2002, do total de 989.156 abortos registrados, os espontâneos totalizaram 40,7%

Entre 1999 e 2002, selecionando-se apenas as mulheres em idade fértil, de 10 a 49 anos, totalizam 985.709 internações por aborto e observa-se a seguinte distribuição por faixa etária: 1,2% em meninas de 10 a 14 anos; 20,0% entre 15 e 19 anos; 52,1% entre 20 e 29 anos; 22,1% de 30 a 39 anos; e 4,6% acima de 40 anos.

Frente à situação de criminalização, ilegalidade do abortamento por decisão da mulher e ao número expressivo de abortamentos inseguros, há vários projetos tramitando no Congresso Nacional que ampliam as possibilidades de aborto. Argumenta-se que, na situação atual, predomina uma grande hipocrisia, pois milhares de mulheres abortam por inúmeras razões, mas apenas as que possuem boa situação financeira o fazem com segurança. Muitas mortes poderiam ser evitadas se o procedimento fosse realizado por profissional habilitado, em clínicas e em hospitais.

O debate sobre a descriminalização e a legalização do aborto no Brasil ganhou novo impulso no fim de 2004 com a decisão do governo federal, anunciada pela Ministra Nilcéa Freire, da SPM (Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres), de constituir uma Comissão Tripartite (governo, legislativo e sociedade civil) para rever a legislação restritiva e punitiva pertinente ao tema. Isso evidencia o cumprimento do compromisso assumido pelo Estado brasileiro nas Conferências do Cairo (1994) e de Beijing (1995) de garantir atenção humanizada ao aborto inseguro e rever as leis que punem o aborto “provocado”.

Não podemos deixar de destacar o papel de vanguarda e de mobilização que vem sendo empreendido pelas Jornadas Brasileiras pelo Direito ao Aborto Legal e Seguro com vistas a estimular e organizar a mobilização nacional pelo direito ao aborto legal e seguro; apoiar projetos de lei que ampliem os permissivos legais para o aborto; contrapor-se aos projetos de lei que representem retrocessos; ampliar o leque de aliad@s para a descriminalização/legalização do aborto; e promover o debate.


A MORTALIDADE POR ABORTO

Em 1998, no Brasil, entre as causas diretas de morte materna, o aborto era a quarta causa, com 4,7%, sendo 1,3 % de abortos espontâneos e 3,4 % de provocados. A eclâmpsia (21,2%), as síndromes hemorrágicas (12,4%) e a infecção puerperal (7,0%) são, respectivamente, a primeira, segunda e terceira causa de morte materna, conforme Tanaka (2001).

Entre 1999 e 2002, o total de óbitos de morte materna (por causas relacionadas à gravidez, parto e puerpério), entre mulheres de 10 a 59 anos de idade, foi de 6.301 casos. Observando-se a distribuição por faixa etária, constata-se que, em média, as mortes por aborto representam 8,5 % do total das mortes maternas, mas aparecem com maior peso entre as mulheres mais jovens: 14,0% de 10 a 14 anos.

Os dados indicam que as meninas até 15 anos e as mulheres entre 30 e 39 anos aparecem com maior peso na mortalidade por aborto do que na morbidade. Para confirmar esse indicativo seria necessário calcular a Taxa ou Razão de Morte Materna por aborto, tendo por denominador o número de nascidos vivos por faixa etária das mães.

Excluindo-se os dados da cidade de São Paulo, que teve todos os óbitos classificados como O08, observa-se na tabela a seguir que a ilegalidade do aborto leva ao óbito materno: em caso de aborto – provocado, clandestino ou espontâneo – as mulheres são tratadas da mesma forma quando chegam às maternidades. Ou seja, quando uma mulher chega a uma maternidade em processo de abortamento, ela é vista e tratada como potencialmente culpada de um crime; então, tanto o aborto quanto o tratamento, em geral, são cruéis e desumanos.

Distribuição dos óbitos por aborto segundo causa básica e fonte de dados, cidades brasileiras selecionadas, 1999 a 2002.


Capitais

Bahia

Paraná

Total


N

%

N

%

N

%

N

%

O00 Gravidez ectópica

4

33,3

4

22,2

3

13,6

11

21,1

O01 Mola hidatiforme

-

0,0

2

11,1

1

4,5

3

5,8

O02 Outros produtos anormais da concepção

1

8,3

1

5,5

1

4,5

3

5,8

O03 Aborto espontâneo

1

8,3

2

11,1

9

40,9

12

23,1

Subtotal

6

50,0

9

50,0

14

63,6

29

55,8

O04 Aborto por razões médicas e legais

-

0,0

-

0,0

-

0,0

-


O05 Outros tipos de aborto

2

16,7

1

5,5

4*

18,2

7

13,5

O06 Aborto não especificado

4*

33,3

7

38,9

4

18,2

15

28,8

O07 Falha na tentativa de aborto

-

0,0

-

0,0

-


-

0,0

Subtotal

6

50,0

8

44,4

8

36,4

22

42,3

O08 Complicações cons. a aborto e gravidez ectópica ou molar

-

0,0

1

5,6

-

0,0

1

1,9

Total

12

100

18

100

22

100

52

100

Nota: inclui 01 óbito tardio.

Fonte: Fontes específicas e bases de dados especiais.


Entre mulheres mais jovens, cai para 28,6% os abortos classificados como não intencionais, enquanto na faixa de 30 a 39 anos esse percentual chega a 36%. É um indício de que o aborto provocado pode estar fazendo mais vítimas entre as mulheres mais jovens.

Ocorreram 43 casos de aborto em mulheres brancas (48,3% do total) e 37 com negras (41,6%). Assim, a RMM foi de 5,59/100 mil nascidos vivos para as brancas; 9,98 para as pardas; e 36,23 para as pretas. Para as negras (pretas + pardas), a RMM foi de 11,83/100 mil nascidos vivos.

Em relação às causas específicas de aborto, as mulheres pretas tiveram 50% dos óbitos entre O00 e O03 (não provocado) e apresentaram risco relativo, em relação às mulheres brancas, de 6,48; as negras, de 2,1.


CONCLUSÃO

Mesmo que as taxas de mortalidade por aborto apresentem queda, permanecem estáveis os números de Curetagens Pós-Aborto (CPA). É necessário conhecer melhor, em cada estado brasileiro, quem são as 238 mil mulheres que, a cada ano, buscam os hospitais do SUS para realizar esse procedimento. É fundamental melhorar a qualidade de preenchimento das fichas e registros, bem como atrair a atenção de estudantes e pesquisadores para o assunto.

Entre os 89 casos de óbitos de mulheres por aborto analisados a partir das fontes específicas, identificou-se que 41,6% eram negras, 62,9% eram solteiras ou separadas, 60% trabalhavam como domésticas ou eram donas de casa, 73% tinham escolaridade inferior a 8 anos de estudo e 55% tinham menos de 29 anos de idade.


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS


MARTINS, A. L.; Diferenciais raciais nos perfis e indicadores de mortalidade materna para o Brasil, pesquisa do Departamento de Desenvolvimento Internacional do Governo do Reino Unido (DFID/UK), 2004.


MARTINS, A. L.; MENDONÇA, L.C.; Dossiê Aborto – mortes preveníveis e evitáveis, Belo Horizonte: Rede Feminista de Saúde, 2005, 48p; (disponível em http://www.redesaude.org.br).

REDE FEMINISTA DE SAÚDE, Prevenção da Mortalidade Materna, folheto 28 de maio de 2004, (disponível em http://www.redesaude.org.br).

1. Dentre eles Tanaka & Mitsuiki (1999), Victora (2001), Laurenti et al (2002) e Volochko (2003), Tanaka & Mitsuiki (1999).

Vocês não podem adir nossos sonhos! Estamos por nossa conta!

Em 16 de novembro, Brasília ouvirá a voz de jovens negros e negras que estão fora das universidades, mulheres negras que ocupam a base da pirâmide social, atrizes e atores negros fora das televisões e da publicidade, quilombolas sem títulos de suas terras, homens e mulheres negras fora dos poderes executivo, legislativo e judiciário.

Na Capital Federal se ouvirá a voz de milhares de negras e negros brasileiros que participarão da Marcha Zumbi + 10 para enfatizar a continuidade das lutas políticas travadas pelas organizações do movimento negro contra o racismo, as desigualdades e as injustiças gritantes a que está submetida a população negra no Brasil.

Reparação será a palavra de ordem e a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial a maior bandeira diante da intolerância histórica do Estado para com a população afrodescendente.

Milhares de pessoas chegarão do Norte, Nordeste, Sul e Centro-Oeste, enfrentando dificuldades mas resistindo e seguindo o exemplo de Zumbi, mostrando ao mundo que somos muitos e muitas e que o racismo brasileiro não está somente na cabeça de alguns e algumas.

O movimento negro tem muitas faces mas sempre é uma continuidade da grande luta de libertação, cujo líder e referência básica é Zumbi dos Palmares. Essa luta é propriedade nossa, de todo um povo.

A Marcha que irá caminhar no dia 16/11 está sendo coordenada por uma articulação nacional composta por várias organizações e grupos do movimento negro com representação em 15 Estados. Zumbi+10 é o momento dos afrodescendentes expressarem a força e a garra na luta pela igualdade racial, além de sensibilizar a sociedade para a realidade de exclusão do povo negro, a cobrança de políticas públicas específicas de promoção da diversidade e exigir que sejam cumpridos os compromissos assumidos pelo Brasil nas Conferências do Sistema Nações Unidas, além do cumprimento da Constituição Brasileira.

Ir à Capital Federal significa chamar a atenção para a conjuntura atual de exclusão do povo negro, onde do total de 53 milhões de pobres no Brasil, 68% são de negros e negras. O ponto de partida da Marcha Zumbi + 10 se coloca acima de conjunturas e governos. O combate ao racismo e às injustiças passa pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial como um instrumento legal, incluindo-se o Fundo Nacional da Promoção da Igualdade Racial porque o Estatuto sem definição de recursos, sem previsão orçamentária, não tem realidade política.

Precisamos de ações urgentes para mais da metade da população dos sobreviventes do racismo e da pobreza brasileira.

Já estamos ouvindo o tambor, convocando a todos e todas à luta para derrubar as barreiras que tolhem o nosso povo e partir para a conquista da plena liberdade, igualdade e justiça social.

MULHERES NEGRAS

No Censo Demográfico de 2000, somos 169,5 milhões de brasileiros, dos quais 50,79% são do sexo feminino. Os negros já perfaziam 45,3% do total da população brasileira e as mulheres negras equivalem a 49% da população negra, correspondendo a 37.602.461 habitantes.

E como vive essa parcela significativa da população brasileira?

A mulher negra tem sido, ao longo de sua história, a maior vítima da profunda desigualdade racial vigente em nossa sociedade, pois é sobre ela que recai todo o peso da herança colonial, onde o sistema patriarcal apoia-se solidamente.

A mulher negra está exposta à miséria, à pobreza, à violência, ao analfabetismo, à precariedade de atendimento nos serviços assistenciais, educacionais e de saúde.

Os poucos estudos realizados revelam um dramático quadro que se prolonga desde há muitos anos. Uma dramaticidade que está não apenas nas péssimas condições socio-econômicas produzidas por um sistema explorador, mas também na negação cotidiana das condições de ser mulher negra, através do racismo e do sexismo que permeiam todos os campos da vida de cada uma.

Mulheres negras estarão em Brasília mostrando que o Estado brasileiro continua nos legando condições de vida cruéis e desumanas, incompatíveis com a cidadania quanto ao acesso à educação, à saúde, à moradia, ao trabalho e ao lazer.

Iremos à Marcha porque estamos rebeladas contra a intolerância religiosa e a violência racial, traduzida na morte precoce que rouba nossos filhos, nossas filhas, irmãos e irmãs, na infância, na adolescência e na juventude, impedindo que tenham o direito de chegar à vida adulta.

Estaremos na Marcha por nossa própria conta porque acreditamos num projeto de nação com justiça social, econômica e racial. No dia 16 de novembro, vamos reavivar a nossa teimosia com a ousadia de dizer à sociedade e ao governo brasileiro, o país que queremos com a autoridade de quem construiu as riquezas desta nação.

JOVENS

Se queremos um Brasil verdadeiramente para todos e todas, não podemos concordar com o absurdo índice de 2% de jovens negros e negras com acesso a cursos superiores e com a média de 4,4 anos de frequência escolar de uma pessoa negra.

No Brasil, a educação para o povo negro foi negada desde a época do Ventre Livre que garantia acesso à educação às crianças que nascessem. Com a Conferência de Durban, a sociedade brasileira consegue aceitar reserva de cotas para portadores de deficiência, mulheres. Mas em relação ao povo negro é mais difícil porque isto significa o pavor de dividir o poder. Conhecimento e poder caminham juntos e são instrumentos fundamentais para assegurar a cidadania

A adoção de ações afirmativas para afrodescendentes no sistema educacional de nosso país - segundo a procuradora do Estado de São Paulo, Flávia Piovesan, sustenta-se no argumento de ordem político-social. Se pretendemos uma sociedade mais democrática, com a transformação de organizações políticas e instituições, o título universitário ainda é um passaporte para a ascenção social e para a democratização das esferas de poder, com o empoderamento dos grupos historicamente excluídos.

Há também o argumento jurídico, pois a ordem constitucional, somada aos tratados internacionais de proteção dos direitos humanos ratificados pelo Brasil, acolhem não apenas o valor da igualdade formal, mas também da igualdade material. Reconhecem que não basta proibir a discriminação, sendo necessário também promover a igualdade, por meio de ações afirmativas.

Se ao longo de nossa história, para os grupos vulneráveis a raça sempre foi um critério de exclusão, que seja hoje um critério de inclusão da população afrodescendente.

Com apenas 2% de jovens negros e negras ocupando os bancos universitários, a dedução é rápida: existe uma reserva de cota de 98% para brancos e brancas.

Vivendo nas periferias maltratadas das grandes cidades, com ruas mal iluminadas, sem saneamento básico, com escolas depredadas e professores mal preparados, um índice absurdo de desemprego formam um conjunto que leva o/a jovem a não encontrar perspectiva de vida digna. Os muitos jovens negros que hoje estão nas prisões são vítimas da ausência dos elementos essenciais para garantir cidadania.

A sociedade em que vivemos foi erguida sob a égide do castigo, a chibata, a tortura, a palmatória. Por isso é muito difícil conseguir um comportamento social longe da violência. A maioria dos delitos praticados pelos/as negros/as é delito de sobrevivência.

Do lado de fora das prisões, está o policial que deve estar a serviço da comunidade que deve ser capacitado para isso, e ser bem remunerado. Mas o policial mora num quarto e cozinha com o banheiro do lado de fora, numa favela, e, ganha um salário miserável. Este homem não pode tomar conta da vida de ninguém.

Entre as inúmeras injustiças que cercam a juventude negra, o mercado de trabalho é inacessível. Nos anúncios publicitários, quando o requisito é "boa aparência", os/as jovens negros/as conhecem bem o significado: uma entrevista no Departamento de Recursos Humanos de muitas empresas é o suficiente para barrá-los sem maiores explicações.

Os/as jovens negros estarão na Marcha Zumbi + 10 exigindo a reserva de cotas nas universidades, mostrando que as cotas étnicas são direito à reparação e um modo pedagógico de obrigar os brancos ao aprendizado de coletivizar privilégios que usurparam de afrodescendentes; continuar a luta para que seja real a aplicação da Lei 10639 que obriga a inclusão da temática História e Cultura Afro-Brasileira no currículo oficial da rede de ensino brasileiro e a capacitação dos professores/as na aplicação da Lei.

Também estarão em Brasília cantando rap, jogando capoeira, mostrando que ser jovem negro e negra no país inclui preservar a cultura ancestral, conhecer a verdadeira história que os livros didáticos insistem em não contar, formando novas lideranças para o Movimento Negro, e mostrando que aqueles e aquelas que ingressam hoje na universidade, advindos dos cursinhos pré-vestibular para negros, devem se orgulhar da luta, da garra em querer provar que todos são capazes, e que tudo poderia ser diferente se esse país não fosse racista como é.

OS MEIOS DE COMUNICAÇÃO

Os participantes da Marcha de 16/11 na Capital Federal vão exigir a democratização dos meios de comunicação para assegurar a representação da diversidade racial e pluraridade étnica e cultural do Brasil.

Mulheres e homens negros estarão mostrando a necessidade da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial que estabelece que as emissoras de televisão, as agências de publicidade, os produtores de material publicitário e o Poder Público deverão assegurar a participação de artistas afrodescendentes em filmes, programas e peças publicitárias. A informação é imprescindível para a mudança desse cenário de desigualdades e falta de oportunidades.

A Marcha Zumbi + 10 deverá agregar artistas que não desejam que seu trabalho esteja reduzido a papéis de escravos e trabalhadores domésticos sem conflito, sem história, a serviço de seus patrões brancos; jornalistas sem liberdade de noticiar os eventos da população negra que são ignorados nas redações dos grandes jornais e revistas; publicitários que são obrigados a criar suas campanhas isolando a participação de afrodescendentes. Esta é uma caminhada para unir todos e todas que lutam por cidadania e liberdade.

A PALAVRA DE EMANOEL ARAUJO

"Será lenda a nossa participação na construção da história deste país e da identidade de seu povo? Ou será que, ao contribuírem para a formação de uma identidade nacional que dá cara nova às velhas tradições de uma cultura européia , ao mesclar o imaginário europeu e lusitano a outras matrizes de um imaginário africano, precisamente por isso o establisment transforma esses negros em brancos? Ou a cor não importa? Mas, se não importa, por que os negros não têm acesso às principais instituições que grarantem reconhecimento, prestígio e poder no Brasil? Por que as universidades têm tão poucos negros nos seus quadros, enquanto as cadeias, os presídios e as ruas estão povoados desses cidadãos de segunda classe, todos pobres, todos pretos?

"Penso na ambiguidade desta nossa história de que são vítimas os negros, numa sociedade que os exclui dos benefícios da vida social, mas consome os deuses do candomblé, a música, a dança, a comida, as festas de negros, esquecida de suas origens. E penso também que, ao invés de registrar o fracasso dos negros frente às inumeráveis injustiças sofridas, esta história termina por registrar sua vitória e sua vingança, em tudo o que eles foram capazes de incorporar à cultura brasileira. Uma cultura que guarda, através de sua história, um rastro profundo de negros africanos e brasileiros, mulatos e cafusos, construtores silenciosos de nossa identidade" (Trecho extraído do catálogo da exposição "Negras Memórias, Memórias de Negros").

A Marcha Zumbi + 10 contra o racismo e as injustiças sociais, e, pela cidadania e a vida é uma ação do movimento negro brasileiro e se constitui em um ato de indignação e protesto pelas condições em que vive o povo negro no Brasil, em função dos processos de exclusão social determinados pelo racismo e a discriminação racial em nossa sociedade.

No dia 16 de novembro, Brasília ouvirá a voz de todas e todos nós, mulheres e homens negros, jovens, quilombolas, artistas, jornalistas, religiosos,anônimos de várias classes sociais exigindo a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, cotas para afrodescendentes nas universidades públicas, titulação e regularização fundiária das terras das comunidades quilombolas, recursos para o financiamento e a execução das políticas públicas de promoção da igualdade racial, democratização dos meios de comunicação, políticas que assegurem os direitos das mulheres negras, da juventude, a defesa das religiões de matriz africana contra a intolerância religiosa e a valorização das diversas expressões e manifestações culturais do povo negro brasileiro.

Estamos na Marcha com força e alegria para deixar um legado aos que virão, construindo uma nova identidade de resistência para o futuro.

Estamos na Marcha em 16 de novembro por termos uma orientação, organização e capacitação palmarina livre.

Estamos por nossa conta não para dividir e sim com a liberdade do refletir e agir porque não aceitamos mais cangalha em nosso corpo, turvando a nossa visão. Desobediência civil ao jingle de que é dando que recebemos não como perdidos na noite, cobaias do processo, importar o saber griô do ontem e hoje dos nossos antepassados.

Estamos por nossa conta porque não acreditamos no grande marketing submetendo o nosso povo ao franchising da senzala; contra essa economia que vai muito bem aonde a matemática usada é 1 + 1 negro = zero.

Estamos por nossa conta para exigir igualdade de gênero e raça em tempo real.

Estamos por nossa conta porque acreditamos num vento forte que espalhe as folhas da dignidade e da justiça para o nosso povo, em um processo de construção fora da planta baixa.

CASA DE CULTURA DA MULHER NEGRA - Santos - São Paulo-Brazil

10.11.2005

Informes Gerais sobre as Marchas

A Marcha que irá caminhar no dia 16/11/05 está sendo coordenada por uma Articulação Nacional, em Brasília, com o objetivo de organizar o Ato. Para a Mobilização iniciou-se uma Articulação é composta por várias organizações e grupos do Movimento Negro e hoje possui representações de 12 Estados, todas presentes ao encontro: Minas Gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Bahia, Piauí, Maranhão, Goiás, Rio Grande do Sul e Paraná.


Segundo a executiva representada pela entidade Enegreser e Jornal Irohin já está sendo providenciado a infra-estrutura para realização do evento.

Construção de praça de alimentação, banheiros, palco, encaminhamento de ofícios para o Corpo de Bombeiros, PM, Serviços de Saúde e outros órgãos que devem oferecer o suporte que o evento requer.

A concentração será às 10:00 horas em frente a Catedral .A executiva pretende encerrar o evento às 17:00 horas.

“Temos o direito de solicitar os serviços existentes no DF, já que o pagamento de grande parte desses serviços sai também do nosso bolso. Somos negras e negros brasileiros que pagam impostos” Alzira Rufino.



Instruções para as diversas organizações das cidades e estados que irão participar da Marcha via terrestre:

Listagem das pessoas dos ônibus que participarão da marcha com Carteira de Identidade, CPF, telefone, CEP, endereço e o nome do responsável pela coordenação do ônibus. Cada ônibus deverá ter um responsável.Encaminhe a listagem para a Polícia Rodoviária Federal. com o trajeto de sua cidade até Brasília.Envie também uma cópia por e-mail, fax ou correio para a Executiva Nacional ..Elabore faixas da Marcha Zumbi + 10 identificando sua entidade e Estado para afixar do lado de fora do ônibus Traga bandeiras e faixas para carregar durante o percurso.

Quem irá de Aeronave deverá reservar com antecedência:

Na BRA só existem 06 vagas no valor de R$ 232,00 ida e volta –trecho São Paulo Brasília saindo no dia 15 às 16:50 hs.

Os melhores preços em aberto continuam sendo da Cia Aérea Gol.

As reservas deverão ser realizadas na própria Gol ou procure um agente de viagem na sua cidade ou região.

16/11 Recife/ Brasília 05:25/ 09:05 R$ 334,00

16/11 Brasília/Recife 21:20/ 22:40 R$ 334,00

16/11 Belém/Brasília 03:10/06:30 R$ 325,00

16/11 Brasília/ Belém 22:20/23:50 R$ 325,00

16/11 Salvador/ Brasília 06:10/09:00 243,00

16/11 Brasília / Salvador 21:30/22:15 243,00

16/11 – São Paulo- Congonhas /Brasília

Horários 07:50/ 09:20 208,00

Brasília São Paulo-Horários: 19:25/ 21:00 ou 20:25/21:55 –( Congonhas)- 208,00

1-

16/11 B. Horizonte / Brasília 09:25/ 10:35 161,00

16/11 Brasília/ Belo Horizonte 18:05/19:10 161,00

16/11- Rio / Brasília 07:30/09:10 149,00

16/11-Brasília/ Rio 19:40/21:15 149,00


Obs: Os valores acima não incluem taxas de embarque

Essas tarifas são sujeitas à disponibilidade e alteração sem aviso

+ Informes + + + +

A Redação de Eparrei recebeu telefonema informando que os Núcleos do Educafro do Rio de Janeiro optaram por participar da Marcha do dia 16, já que Frei Davi deixou que os diversos núcleos do Brasil tirassem suas posições.


“A pedido da diretora técnica de Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras, de Porto Alegre, Maria Conceição Lopes Fontoura, repasso, abaixo, as informações sobre o Fundo criado no Encontro Nacional "Olhares da Mulher Negra sobre a Marcha Zumbi + 10", promovido pela Rede Feminista de Saúde e pela Casa da Mulher Negra, de Santos. Por outro lado, a mesma pede desculpas e compreensão pela demora na prestação de contas por ter estado envolvida na organização e coordenação e agora, por último, na tarefa de conclusão e sistematização dos trabalhos/relatório da I Conferência Estadual de Política de Promoção da Igualdade Racial, mesmo assim tem feito diferentes contatos e articulações com mulheres negras de POA e interior do Estado:

  • No dia 24.05.2005 foi aberta na Agência 3240-9 do Banco do Brasil a conta corrente de número 18431-4;
  • Total arrecadado no Encontro e depositado: R$ 945,00 (novecentos e quarenta e cinco reais);
  • Depósito - 30 dias sem retirada não paga IOF;
  • Tem uma taxa de manutenção de R$ 15,00 ( quinze reais);
  • Incide o CPMF aplicada com resgate automático -BB Renda Fixa 200

Nome

Estado/Organização

Valor$

Silvani Morais Rosa

Minas Gerais

100,00

Adélia de Moura Gomes

Paraíba - Bamidele

100,00

Fátima Oliveira

Minas Gerais - Rede Feminista de Saúde

100,00

Cristina Nascimento

Pernambuco - Loucas da Pedra Lilás

100,00

Neusa das Dores Pereira

Rio de Janeiro - Coisa de Mulher

100,00

Sônia Cleide Ferreira da Silva

Goiás - Malunga

100,00

Ana Maria da S.Soares

Minas Gerais - Rede Feminista de Saúde

100,00

Adriana

Minas Gerais - Nzinga

100,00

Maria Conceição L. Fontoura

Rio Grande do Sul - Maria Mulher

100,00

Outras Contribuições

45,00

Totais

945,00

Ass.Vera Daisy Barcellos

Maria Mulher - Organização de Mulheres Negras

Data 07/06/05


Se você não pretende participar da Marcha e deseja colaborar deposite a quantia mínima de R$ 50,00 na conta Agência 3240-9 do Banco do Brasil a conta corrente de número 18431-4 em nome de Maria Mulher Organização de Mulheres Negras.

Entidades que continuam na Marcha do Dia 16.

Associação Autônoma de Domésticas e Diaristas- Baixada Santista-SP

Associação Pajuçara- Baixada Santista-SP

ABC sem racismo-Sâo Bernardo-SP

ABPN- Associação Brasileira de Pesquisadores Negros

ACMUN- Associação Cultural de Mulheres Negras/RS

Articulação Negra de Pernambuco/PE

Associação Ori Odara-Uberlância/MG

Bloco Cultural A Mulherada-BA

Casa de Cultura da Mulher Negra-Santos-SP

Campanha Reaja/BA

CANBENAS-Coletivo de Alunos Negros Beatriz Nascimento/GO

CEERT-Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades/SP

Centro Afro-Cultural Coisa de Negro/PI

Centro Cultural Orunmilá-Ribeirão Preto/SP

Centro de Cultura Negra do Maranhão/MA

Centro de Referência Negra Lélia González/GO

Comunidade Visual Ilê/GO

Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo/SP

Criola/RJ

Enegreser-Coletivo Negro no DF e Entorno/DF

Fala Negra-Paracatu/MG

Fundação Municipal Zumbi dos Palmares de Ituiutaba/MG

GECNI-Grupo de Estudos e Consciência Negra de Ituiutaba/MG

Geledés-Instituto da Mulher Negra/SP

Grupo Tez-Trabalho e Estudos Zumbi/MS

Grupo Malunga (GO)

Grupo Cultural Olodum-BA

Instituto 21 de Março-Consciência Negra e Direitos Humanos/PR

Instituto Kuanza-São Paulo/SP

Ìrohìn-Comunicação a serviço dos afro-brasileiros/DF

Yéyè Omin Okan Ylê-SP

Salão de Beleza Força Negra-SP

Ong Negra Cidadã-SV-SP

Ylê Gumenzala-SP

Oyá Oju Ylê -SP

Núcleo do GRES Futuro do Brasil-SP

Rede Feminista

Sociedade Maranhense de Direitos Humanos/MA

Também por sua própria conta estarão:

+ Negras e negros autônomos, empresárias (os) domésticas,diaristas,artistas, lideranças regionais e nacionais de entidades negras, parlamentares,religiosas (os) s de matriz africana,comunicadoras(os), jornalistas e outros negras (os) conscientes que estão aderindo a Marcha do dia 16 através do e-mail E-mail ccmnegra@uol.com.br;ccmnsantos@globo.com; irohin@terra.com.br; reginaadami@spmulheres.gov.br

Mulheres Negras no 10 Encontro Feminista

No período de 09 a 12 de outubro , mulheres de todas as cores representando 30 países da América Latina e Caribe, se reunirão na cidade de Serra Negra, São Paulo.

O tema central do Encontro é Feminismo e Democracia. Serão debatidos os desafios e perspectivas do movimento feminista na America Latina e Caribe

A programação inclui de Painéis, Diálogos Complexos e Atividades oficinas,reuniões,lançamentos de publicações,exibição de filmes e védeos. As atividades Inscritas encontram-se disponível para consulta no site www.10feminista.org.br.

Algumas Atividades

20h - Saudações políticas e abertura

Participação do Bloco A Mulherada de Salvador-BA

Apresentação do Jingle e Composição da Música para Marcha Zumbi + 10 no dia 16.

Sala Jequitibá



Oficina “Mulheres Negras Latino-Americanas e Caribenhas: Santiago +5 e Marcha + 10: desafios e perspectivas”
Organização(ões): Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras

Responsável(is): Maria Mulher Organização de Mulheres Negras (Maria Conceição e Maria Noelci)
Discussão com mulheres afrodescendentes sobre os desafios e perspectivas para sua intervenção nas agendas nacionais e regionais.
Sala Jacarandá



+ Informes do Grupo que Marcha no dia 22

“Essa marcha vai ser dirigida pelo movimento negro, essa é uma das manifestações (...) mas não somos só nós que estamos na marcha , existem outros setores, outros povos e etnias. Embora haja diferença, somos os mais discriminados ,porém quem luta contra o racismo, com essas questões todas estarão conosco.

Querem estar conosco nessa marcha:

Judeus, Árabes, Palestinos, os que têm deferentes opções na orientação sexual, as mulheres, os indígenas,as centrais sindicais também vão fazer parte dessa marcha além do movimento de moradia e todos movimentos que quiser estar conosco farão parte da Marcha”, afirmou Flávio

PLENARIA ESTADUAL DA MARCHA ZUMBI + 10

Data :15/10/05 das 9 às 12 hs

Local: PUC Tenda do Comitê da Marcha Zumbi + 10 -

O Comitê Mineiro Zumbi + 10 indicou a data de 22 de novembro conforme decisão da Plenária do Sudeste

No entanto,haverá a Plenária Estadual em 15 de Outubro, onde será possível definir a opção das entidades mineiras presentes.

Mobilização, Organização e Consolidação da Marcha Zumbi + 10 em Minas Gerais.

Contatos e informações:

Nzinga - Coletivo de Mulheres Negras - Adriana - (31) 3222 2077 - e-mail: nzinga@ibest.com.br

Monica Aguiar - CRCN - Venda Nova

(31) 3451 3153 - 3224 0225 - e-mail: monicaguird@yahoo.com.br

CUT/MG - Rua Curitiba 686 - 2º andar. Rita Calazans - (31) 2102 1900 -

Fundação Centro de Referencia da Cultura Negra - Marcos Cardoso - e-mail macardoso1109@yahoo.com.br-mail - fcrcn2005@yahoo.com.br


Carta Aberta:

"Ao coletivo de entidades da

Marcha Zumbi + 10

Caros Amigos:

Está se aproximando a nossa Marcha Zumbi + 10. Será um momento forte de expressarmos nossa força e nossa garra na luta pela igualdade racial. A Marcha, além de ser um momento de sensibilização da sociedade para a realidade de exclusão do povo negro será oportuna para cobrarmos políticas públicas específicas de promoção da diversidade.

Gostaríamos de chamar a atenção de todos vocês para a conjuntura atual de exclusão do povo negro do mercado de trabalho. Inúmeras pesquisas têm denunciado que a taxa de desemprego é maior entre os negros e que entre as instituições que mais discriminam estão os bancos. Não estaria aí nossa principal bandeira de luta na Marcha Zumbi + 10?

O momento é oportuno. Acreditamos que direcionar nossos esforços conjuntamente para ações pontuais como a igualdade racial no mercado de trabalho é imprescindível. O movimento negro é rico em sua multiplicidade de abordagens e aspirações. Isso é muito bom! No momento, no entanto, acreditamos que a hora é de buscarmos o consenso em pontos estratégicos pela emancipação de nossa gente. Sem dúvida a inserção no mercado de trabalho é uma bandeira pertinente para o momento.

A hora é agora: Dois exemplos são significativos da pertinência do tema na Zumbi + 10: o Real ABN AMRO Bank e o Banco Itaú S/A, embora timidamente, já começaram a discutir um programa emergencial de metas de inclusão racial de negros, índios e deficientes físicos em todos os seus níveis hierárquicos. Um outro exemplo emblemático é a posição corajosa do Ministério Público do Trabalho, que acolhendo denúncia da comunidade negra, acionou os cinco principais bancos de Brasília que discriminam os negros, e deu-lhes um prazo para apresentarem soluções para o problema.

Em todas estas ações, o movimento negro tem se mostrado protagonista de sua história ampliando seus esforços e reivindicações para além do âmbito do Estado. Se o aparelho estatal deve ser acionado na promoção de políticas públicas de promoção da igualdade racial, seria um erro minimizarmos a responsabilidade do setor privado, principalmente dos bancos, na discriminação do homem e da mulher negra no mercado de trabalho.

Sem mais para o momento,"

Thiago Thobias- Assessor de Politicas Públicas - Educafro

Solicite Informações sobre a Marcha dia 16 ou dia 22

"São dois momentos importantes na nossa história, quem puder deve participar das duas Marchas.

Com certeza estarei nas duas”.Lia Vieira Ashanti

Edson Cardoso- irohin@terra.com.br
Edson França-
edsonnfranca@ig.com
Rede Feminista de Saúde- redesaude@uol.com.br
Regina Adami- reginaadami@spmulheres.gov.br
Criola- criola@alternex.com.br
Geledés- geledes@geledes.com.br
Luiz Mendes- luizvalentim@bol.com.br
José Antonio- jose.antonio@eldorado.rs.gov.br
Mônica Kalile- mokalile@terra.com.br
Casa de Cultura da Mulher Negra ccmnegra@uol.com.br;cmnsantos@globo.com

Fonte: Boletim Eparrei Online