Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.21.2005

Vozes que nos vêm da Marcha

“Acima de tudo a afirmação de nossa autonomia , nós estamos dizendo que não aceitamos partidalização, não aceitamos interferências de centrais sindicais, nós prezamos a nossa autonomia”. Edson Cardoso- Coordenador do Jornal Irohin- Brasília

"Estamos aqui para mostrar que esse não é o Brasil que queremos. Não podemos mais aceitar a situação de miserabilidade em que está colocado o povo negro. As mulheres negras – esteio desta sociedade – continuam discriminadas no mercado de trabalho. Nossa juventude não têm acesso a cursos superiores e nossos idosos não são respeitados em sua sabedoria. Viemos de Santos com uma comitiva de 60 pessoas, representantes de associações de bairros, para participar da Marcha, junto com organizações do movimento negro de todo o país. Invadimos Brasília e exigimos o fim do racismo, da discriminação racial e de todas as formas de intolerância, bem como a aprovação do Estatuto e do Fundo da Promoção da Igualdade Racial. Se o poder é bom, o povo negro quer poder"! Alzira Rufino – Presidente da Casa de Cultura da Mulher Negra – Santos SP

"Queremos que o poder público olhe para a nossa gente e desenvolva políticas públicas que lhe resgatem a dignidade. Nosso principal projeto para depois desta Marcha é continuar lutando". Suely Carneiro – Geledés – São Paulo

"Que o Estado brasileiro assuma que nenhum país vai a lugar algum quando tem metade do seu povo como carga social". Fátima de Oliveira – Rede Feminista de Saúde - MG

"Esta Marcha recoloca plataformas pactuadas pelas entidades há dez anos que não foram implementadas de modo satisfatório pelo governo e ao mesmo tempo reafirma a autonomia e independência totalmente inegociáveis do movimento negro. O povo negro necessita de respeito à identidade cultural e a promoção da igualdade de direitos." Hédio Silva – Secretário de Justiça do Estado de São Paulo e militante do movimento negro

"Fazemos parte da grande comunidade negra do Brasil que vem a esta Marcha lutar contra o racismo e qualquer tipo de violência. Uma pastoral tem que estar presente aonde o povo estiver". Padre Jurandir Azevedo de Araújo – coordenador e mais 300 representantes da Pastoral Afro-Brasileira de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul.

“As organizações e as pessoas que vieram estão de parabéns pelo trabalho que fizeram de mobilização de discussão e de perssintência de estarem aqui. Isso é um esforço nosso, um esforço pessoal, um esforço institucional que a gente deve valorizar. Nesse momento que o dia 16 é uma realidade, nós estamos aqui para provar que o dia 16 faz parte da folhinha do ano de 2005, e que amanhã vai ser 17, que nós vamos estar felizes, contentes, super realizados por termos feito que o dia 16 se torne um dia para nós de manifestação plena de autônomia”. Wânia Santana -Historiadora

"Faço parte de uma ong feminista que trabalha com ações educativas e esta Marcha está trazendo uma discussão mais forte sobre as questões relacionadas às mulheres". Elcimar Pereira – Grupo Transas do Corpo – Goiás

"Espero que depois desta Marcha aconteça uma reação do governo em relação à política de formação da igualdade racial. O fato do governo nos receber em audiência pública é um bom sinal. Desta Marcha participaram organizações de todo o Brasil, representantes que em suas falas colocaram o quanto é complexa e difícil a nossa realidade. O que de fato reivindicamos o governo só não realiza porque não quer.

Estar por nossa própria conta na Marcha significa que não estamos mais a fim de ficar aguardando soluções paliativas para um problema tão complexo como esse e que está dizimando a nossa população.

Queremos autonomia nas nossas reivindicações e formar parceria com outros setores como o movimento feminista, o MST e outros grupos que estão hoje aqui conosco. Temos hoje uma aliança política importante. Vir protestar conosco significou a consolidação de uma grande aliança". Lúcia Xavier – Criola e Articulação de Mulheres Negras Brasileiras

"Estamos nessa Marcha para lutar contra todas as formas de discriminação, exigir a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e que todos os nossos direitos sejam instaurados". Eliane Lima Mendes – Grupo Negro Palmares Renascer – Maranhão

"Passados 500 anos, vemos a periferia das cidades dominada pela pobreza. E essa pobreza tem cor e é negra. Viemos protestar contra todo tipo de racismo". Jorge Nascimento – Projeto Quilombola Cadê Você – Ribeirão Preto

"Viemos representando nosso axé e para combater a depredação das religiões de matriz africana". Ana Lúcia Santos e Edna Custódia de Souza – que faziam parte da comitiva dos grupos de terreiros de candomblé de Salvador, Bahia, que vieram em quatro ônibus, viajando durante 29 horas.

"Minha situação ainda é boa porque tenho comida em casa. Mas quanta coisa falta para os negros e negras. Meu filho pediu para que eu viesse ajudar na Marcha e estou aqui, segurando uma bandeira e muito feliz em participar". Laurenides de Jesus – 70 anos – Goiás

“Eu espero com essa marcha que realmenete a nossa questão contra a intolerência religiosa ela seja verdadeiramente discutida por todos os religiosos, não só por uma meia dúzia que debate.” Silvia - Yalorixá do Ilê Axé Omodé- Projeto fala negão – Cidade Tiradentes –SP

"Sou daqui de Brasília e não pertenço ao movimento. Mas, ontem, na casa da minha patroa, comentaram da Marcha e pensei: sou negra, tenho que participar. Estou me sentindo muito bem aqui. Vou me informar direitinho sobre as formas de lutar contra o racismo e ser mais participante." Maria Célia Tavares – Brasília

"Moça, não sei falar direito, mas estou feliz de estar aqui. Olhe só quantos jovens, quanta gente na rua. Isso é muito bonito, anima a gente que já sofreu tanto com o racismo." Iracema da Cruz – Brasília.

“Eu vi a marcha legítima do movimento negro , eu vi a marcha presente com a maior dificuldade, e sem um centavo do dinheiro público, sem nenhum centavo do dinheiro de mensalão. Viemos do Maranhão com muita dificuldade e não sabemos como iremos voltar, mas todo povo negro tem isso, a gente sempre encontrou muita dificuldade nunca foi fácil”. Walter Marisia- Comitê Maranhense Zumbi +10.

“Essa marcha representa um recomeço. É a mudança de nossas novas perspectivas, é a reflexão sobre aquilo que a gente já conquistou, e sobre aquilo que a gente retrocedeu. É uma possibilidade para pensar novos caminhos e pensar como é que trazemos a juventude para um novo processo político e de construção para promoção de uma igualdade racial”. Mafoane Odara CERRT- São Paulo

“Essa marcha representa um esforço de organização autônoma, independente, por sua própria conta e que faz uma reflexão aprofundada dos 10 anos que se passaram desde a primeira marcha que aconteceu em 1995. Fortalecer essa organização autônoma, a pauta de reivindicações, documentos que nós entregaremos à presidência da república. A idéia é manter essa articulação, avivar essa articulação continuamente e também fazer uma avaliação da marcha e seus impactos”. Cidinha da Silva - Instituto Kuanza -São Paulo

“ A marcha é um instrumento político sobre o Estado para respeitar os direitos, implementar as políticas públicas para o povo negro. Estive semana passada na região de Tumiraçú no Maranhão, onde morreram crianças de raiva, por uma doença do morcego e a maioria era negra. Então o estado brasileiro está nos devendo e tem que respeitar os nossos direitos." Luíz Alves Ferreira- Coordenador do Centro de Cultura do Maranhão

“A marcha retrata uma nova realidade, uma nova ordem do movimento negro. Imprime as nossas atividades, os nossos pensamentos, porque o movimento negro, com essa marcha, reafirma a sua independência e o seu papel de vanguarda de estar à frente fiscalizando , criticando e colocando políticas públicas na pauta das discussões do Congresso, do Executivo. Essa marcha marca que somos independentes, sempre estivemos na vanguarda e estamos aqui reafirmando isso”. Maurício Pestana-

“Essa marcha representa a luta histórica do povo negro e a sua organização em um movimento que é autônomo e hoje foi a demonstração dessa autonomia. A fala que o movimento traz nessa marcha é a fala de um povo que está independentemente das gestões políticas exigindo do estado políticas de reparação. Então a Marcha Zumbi +10 vem trazer essa autonomia e vem exigir diante do estado brasileiro reparações ao povo negro”. Rebeca Oliveira Duarte – Observatório Negro e Articulação Negra de Pernambuco


Fonte:
Boletim Eparrei Online - Casa da Cultura da Mulher Negra de Santos