Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.23.2005

A que será que se destina?

Fátima Oliveira


Eu poderia discorrer dias e dias sobre as emoções de marchar sobre Brasília dia 16 de novembro na Marcha Zumbi 10 – do período preparatório ao Dia D. Contento-me em compartilhar o “Tag des Zumbi” (Dia de Zumbi), em Berlim, e uma definição cunhada para demonstrar pura felicidade de quem teve a coragem de marchar sobre Brasília por sua própria conta: “Sim, há coisas que o dinheiro não compra”...

Por exemplo, obrigar o governo a nos ouvir e ver ministros(as) implorando, na última hora, uma “visitinha da Marcha”...

Aldo Rebelo, com aquele ar zen, recuperando a cara de indignação tranquila dos antigos tempos de presidente da UNE (fiquei com saudades, viu Aldo!), afirmou que seu compromisso com a construção da democracia exige que ele, como presidente da Câmara, paute, em breve, um amplo debate sobre a liberdade de religião, pois as religiões de matrizes afro não podem mais seguir sendo aviltadas.

Não em nosso país! Quanto à nossa opinião sobre o Estatuto da Igualdade Racial como mera peça de retórica (aprovado no Senado sem o Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial!) e que não temos a pressa que tem o governo de “fazer bonito para preto ver”, Aldo Rebelo disse que o governo deseja a votação logo, mas nos acalmou ao afirmar que a “obstrução da pauta” na Câmara trabalha a nosso favor. Para quem sabe ler, um pingo é letra.

O “Tag des Zumbi”, em Berlim, foi dez! “Que navio é esse que chegou agora/ É o navio negreiro/ Que veio lá de Angola”...

Fala meu amigão Adauto: “Essa era a música tema que a bailarina e coreógrafa Zula Leme usou no workshop de dança “Zumbi dos Palmares”, em 18/11/2005, na Escola Primária Estadual Neues Tor Europa-Schule Deutsch-portugiesisch, em Berlim”.

Sim, a Marcha Zumbi 10 na Alemanha! A coreografia fala de uma aldeia africana invadida pelos portugueses, cujo povo foi escravizado e deportado, num navio negreiro, para o Brasil, sofreu muito, até que surgiram “zumbis e dandaras de Palmares” para libertar seu povo...

E o símbolo de liberdade que dançarinos( as) escolheram foi o Sol – símbolo de orixá Légba, no Haiti. Foi um dia repleto de emoções – tendo como público 300 crianças, professores, a direção da escola, familiares, artistas e militantes convidados.

Zumbi e seu povo chegaram aos corações e mentes daquelas crianças, via a aula “Zumbi e Palmares” e as oficinas de capoeira, maculelê, jongo, história do samba no Rio de Janeiro, bumba-meu-boi do Maranhão e maracatu. Sim, Adauto, há coisas que o dinheiro não compra...