Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.28.2005

A Causa que nos une

Dojival Vieira - Editor de Afropress

A Marcha Zumbi + 10 de milhares de negros e negras sobre Brasília no dia 16/11 significou mais do que um manifesto em defesa de direitos seculares sobre os quais o Estado brasileiro, há séculos, faz como o Presidente do atual Governo em relação aos escândalos do “mensalão”: não sabe, não ouve, não vê.


Foi a afirmação eloqüente de que há coisas sobre as quais não se pode transigir, nem negociar: nossa autonomia e independência em relação a partidos e a governos, por exemplo.

Caminhando com as próprias pernas, sem as muletas de partidos, nem a “generosa” ajuda oficial, o povo negro que ocupou a Esplanada e deixou 300 cruzes fincadas em frente ao Congresso nacional disse muito.

Disse nas palavras de Mãe Beata “nós não queremos tolerância. Queremos respeito. Esse país também é nosso!”.

Disse nas palavras de Hédio Silva Jr. que “nossa independência é inegociável”.


Gritou pela historiadora Wania Santana nas portas da Fazenda que esta elite é incompetente e não fará país nenhum com a nossa exclusão.


Impôs-se, pela voz de João Jorge, do Olodum, que não vamos mais arredar o pé das ruas, quando o que estiver em jogo for os nossos direitos e a nossa vida.


Fez as contas, por meio de Edson Cardoso, do tanto que nos devem: R$ 67,2 bilhões, só pra ficar tudo igual, sem a cobrança dos juros e correção monetária.


Disse “Não passarão”, na postura altiva do sacerdote Marcos Rezende, quando a Polícia investiu provocadora.


Declarou com a serenidade de Hélio Santos “Palmares está aqui!”.


Cantou, com Alzira Rufino, palavras de ordem e de comando.


E fez um alerta, por intermédio de Hamilton Borges, de que não aceitamos mais o ofício de contar cadáveres de jovens negros assassinados. “Vamos reagir”.


Disse tudo isso e também cantou com alegria; jogou capoeira no Planalto e se fez, mais do que nunca, a cara e a expressão de que “o novo sempre vem”.


Por isso, o ato das entidades vinculadas ao PT e a base do Governo, do dia 22/11 não foi um contraponto. Foi um acréscimo. Apenas isso e por uma razão muito simples: não havia o que contrapor. A pauta esgotara-se.

Falar-se de divisão, racha é, por óbvio, impróprio. Não somos um Partido. Não temos um Partido. Nossa Causa é maior que todos eles. E mais: todos eles nos devem e não é pouco.

Nossa Agenda é maior; é soberana e própria. Não está posta à venda, nem é negociável.


No dia 16/11, todos os que caminhamos pela Esplanada, saímos com a doce sensação de estar rompendo barreiras, abrindo caminhos, fazendo História; assim mesmo, com H maiúsculo.


Agora, porém, temos uma tarefa de quem sabe caminhar com as próprias pernas, tarefa urgente e inadiável: evitar a dispersão a qualquer custo.


Como diz Marcio Alexandre, editor de Afirma e nosso colunista, daqui pra frente é só Marcha Zumbi + ... 10, 11, 12, 13, 14,15... 20, 30, 300. Ate que o racismo seja definitivamente erradicado desta Terra e, tenhamos todos, condições de dizer aos nossos filhos: FINALMENTE VIVEREMOS EM PAZ!

1 Comments:

  • At quinta-feira, 21 agosto, 2008, Blogger Keka said…

    Gostaria de sugerir o lançamento do documentário O Aborto dos Outros para o blog - será em 05 de setembro.
    Com quem falo para enviar mais informações, por favor?
    Obrigada!
    Erika - erika@focojornalistico.com.br

     

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