Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.26.2005

Vozes que nos vêm da Marcha II

Eparrei - O que você achou da Marcha?

"Um incentivo muito bom. A Marcha é um processo importante de estar aí na luta contra o preconceito racial, mostrando para o povo brasileiro que o movimento negro está aí, que nós pretos estamos realmente lutando pelo nosso lugar, mostrando que a gente não está inserido na sociedade. É por isso que a gente está aqui hoje, lutando."Priscila Francisco Pascoal – Movimento Negro estudantil da UNB-

Eparrei - Dr. Hédio como é que o senhor analisa essa Marcha?

Um sucesso absoluto, milhares de pessoas, um sucesso político importante. Mesmo que houvesse estado aqui na Esplanada cinco pessoas indicaria que a esperança não morreu, porque nós estaríamos garantindo nessas cinco a independência e autonomia do movimento negro. Foram milhares, portanto, estou absolutamente feliz.

Eparrei - O que o senhor achou da participação da polícia?

A PM agiu com sobriedade, com profissionalismo, um momento ou outro de excesso, mas houve uma reação à altura. No geral, é obvio que um evento desse na rua, tem um momento de tensão, aqui e ali. Mas é um movimento ordeiro, bonito, alegre, nem tinha como ter qualquer ação violenta. Nosso povo é sempre assim, alegria e tal, mas quando foi preciso reagir a gente reagiu e foi respeitada a lei. Dr. Hédio Silva – Secretário de Justiça do Estado de São Paulo e militante do movimento negro.

Nossa marcha é uma trajetória que tem quase meio milênio. Essa trajetória começa no século XVI, em Palmares e nós estamos no século XXI. Essa energia a gente sente no ar, é uma coisa que muda o Brasil. Os racistas brasileiros não têm medo da nossa cor, eles têm medo da nossa luz, é a nossa generosidade que os assusta. É uma glória poder estar aqui. Prof.Helio Santos

Eparrei - O que você achou da marcha? É a primeira vez que você participa?

Sim é a primeira vez e eu espero que as coisas melhorem. Elana – Salvador- 13 anos


Eparrei - O que você espera dessa Marcha?

Que realmente as políticas públicas que visem a beneficiar a população negra realmente sejam efetivadas, não fiquem só no papel, porque a gente está cansado de ter coisas só no plano teórico. Queremos prática e atitude e é por isso que nós estamos aqui hoje. Elaine Feira da Santana - Núcleo de Estudantes Negros UEFS (Universidade Estadual de Feira de Santana).


Eparrei - Como foi a viagem, e a preparação para que os grupos de Limeira chegassem até aqui?

A nossa viagem foi boa. A preparação teve várias reuniões, inclusive o professor Edson esteve em Limeira em julho e depois disso nós começamos a nos organizar. Viemos em 45 pessoas. A Marcha foi excelente, super organizada, produtiva. O objetivo foi cumprido.Elisa Gabriela da Costa – Presidente do Conselho Municipal da Comunidade Negra de Limeira.

Eparrei - O que você espera do pós Marcha Zumbi para as religiosas?

Espero que realmente a nossa questão contra a intolerância religiosa seja verdadeiramente discutida, mas por todos os religiosos, não só por uma meia dúzia que debate e que a gente não sabe às vezes se está falando em prol de todos os religiosos de matriz africana, ou por um só.

Eparrei - Como foi mobilizar o movimento negro da Cidade Tiradentes?

Olha foi bem, a gente não teve problemas sérios, mas o que nos faltou foi transporte. Do nosso grupo vieram oito ônibus. Silvia – Cidade Tiradentes- Yalorixá do Ilê Axé Omodé e do Projeto Fala Negão

Eparrei - O que você achou da mulherada na Marcha?

Eu amei. A Alzira tem uma fala que a gente entende e mexe muito. Amei demais a forma como ela conduziu o carro ,entendi tudo perfeitamente, ela foi super linda e animada. Eu adorei . Ela nem sabe a emoção que causou na minha vida. porque é uma verdade as suas palavras ,parece que adivinhou que a gente sofre . É o primeiro evento que eu venho de mulheres negras, você não sabe o efeito que as palavras causaram na minha vida e estou levando para as nossas companheiras. A luta da gente começou há três anos. Viemos em um ônibus com 46 pessoas da cidade de Goiás, antiga capital de Vila Boa.Esmeralda - Associação das Mulheres Negras de Goiás

Eparrei - O que você está achando desta marcha? Como foi a mobilização no Rio para o dia 16?

Viemos com uma representação de três pessoas do Sindicato dos Servidores Públicos Federais. É a primeira representação do negro em sindicatos do Rio de Janeiro. Particularmente achei que a Marcha foi maravilhosa e poderia ser melhor se tivesse concentrado toda essa passeata em um dia só, como se fosse toda ela no dia 22. Mas é obvio que tudo que nós fazemos para o bem do negro é feito com o maior carinho e tudo é válido, apesar de eu achar que as autoridades não vão se sensibilizar com isso, porque na realidade são todos racistas, entendeu? Parte dos Ministros, dos deputados estaduais, na realidade depois que chgegam ao poder, esquecem que são negros e começam a pisar nos próprios irmãos. Na minha opinião, essa marcha pode surtir efeito perante a comunidade, ao povo, mas aos parlamentares eu acredito que não se sensibilizarão não.

Eparrei - Qual é o papel do seu sindicato nas questões do negro?

Estamos agora discutindo a questão do negro dentro do sindicato, fora do sindicato, em todas as esferas federais. Na diretoria somos em seis negros no sindicato do Sintracef (Sindicato dos Servidores Públicos Federais). Vejo no pós marcha o crescimento do negro, vejo que o negro começou a colocar seu peito na frente. Há 500 anos, ficamos relegados a qualquer coisa e agora o negro começa a mostrar a sua realidade, o seu respeito. O negro é isso é respeito, é realidade, que construiu esse país, que construiu o Rio de Janeiro, que construiu Brasília, a Bahia. A gente vê as edificações maravilhosas feitas por negros engenheiros que vieram da mãe África para o Brasil. Hoje a gente está mostrando a nossa cara. Marcelo Ferreira Rio de Janeiro-Presidente Sindicato dos Servidores Públicos Federais.

Achei essa passeata uma coisa maravilhosa, uma força muito grande para os negros. Só que deveria acontecer de uma forma muito maior, os negros de Brasília participarem muito mais e de modo mais ativo nesse movimento, porque nós precisamos enquanto negros. Não é só a juventude que faz parte do movimento. Todos os negros, de todos os lugares deveriam estar presentes, porque é uma marcha do povo, da negrada brasileira. E é essa negrada que está sendo massacrada todos os dias a todos os momentos, em todos os lugares. Temos que levantar essa marcha. Temos que levar dignidade para essa marcha.Antônio Carlos mais conhecido por Fofão da Mangueira.

Todos os movimentos negros do Brasil são válidos, mas acho que para acabar com esse preconceito a Rede Globo é muito responsável. Quando a Rede Globo fizer as novelas com 50% de negros, 50% de brancos, vai começar a mudar. Sérgio Madureira do grupo Madureira Exporta Samba

Eparrei - Na sua opinião qual foi o ponto alto da Marcha?

Estamos muito felizes com a resposta da militância negra em nível nacional. Essa resposta com essa presença forte, combativa e corajosa que veio de todos os cantos do país para afirmar a nossa condição de sujeito político, afirmar nosso movimento negro autônomo independente e que fez isso por sua própria conta chegando com dificuldades de todos os cantos do país. Estamos aqui nessa demonstração de indignação, nessa demonstração de repúdio ao racismo e à discriminação racial.As cruzes que foram plantadas simbolizando o genocídio da nossa juventude negra, sobretudo diante do Ministério da Justiça. É um emblema fundamental dessa Marcha que é uma marcha que tem por slogan o Direito à Vida porque esse é o primeiro direito que está nos sendo negado.

A marcha é um instrumento político sobre o Estado para respeitar os direitos, implementar as políticas públicas para o povo negro. Estive semana passada na região de Tumiraçú no Maranhão, onde morreram crianças de raiva, por uma doença do morcego e a maioria era negra. Então o estado brasileiro está nos devendo e tem que respeitar os nossos direitos. Suely Carneiro- Geledés – São Paulo

Eparrei - Como foi a mobilização no Maranhão para chegar a Brasília?

Mobilizamos a CONERUC, fomos ao Estado, que nos deu recurso, fizemos cotas com o recurso da entidade e ajudamos a fazer a Marcha. O importante era estar aqui presente, e a maioria das pessoas que estão aqui são dos quilombos urbanos e do setor rural. Vieram cinco ônibus em torno de 200 pessoas, a maioria da Zona Rural e aí trouxemos também as entidades, as Casas de Cultos Religiosos.Luiz Alves Ferreira-Coordenador do Centro de Cultura do Maranhão


Eparrei - Como foi a mobilização em Porto Alegre?

É Fantástico ver essa multidão, esse monte de pessoas negras das mais diferentes cidades, homens e mulheres, jovens e as pessoas vindo por sua conta, vindo sem patrocínio, gente do Sul, gente do Amapá, gente do Nordeste. É muito lindo, emocionante.Foi uma mobilização boa, a juventude se mobilizou bastante, as mulheres negras também. O problema foi a falta de recurso financeiro, para poder estar trazendo mais gente. Viemos com um ônibus de 60 pessoas. É um número considerável pensando que a gente vem de longe e por conta própria. Vera Lopes – Porto Alegre

Eparrei - Pós Marcha Zumbi + 10, como você avalia?

A Marcha já foi por si só uma vitória, uma demonstração de que existe essa possibilidade do movimento negro ser autônomo, do movimento negro e o movimento de mulheres negras se manifestarem com autonomia, não só autonomia de idéias, mas o que é principal, a autonomia de projeto político, a autonomia pela ação ao que nós queremos para a sociedade brasileira. Uma sociedade que vá além da questão da promoção da igualdade racial para ser uma sociedade e um Estado que efetivamente enfrentem e combatam o racismo. Luiza Bairros - MNU

Eparrei - Qual o momento mais te emocionou na marcha?

Foi na frente do Congresso, onde a gente pode ver todas as manifestações do povo negro, o pessoal da religião, o pessoal antigo do movimento, o pessoal novo, a gurizada nova chegando agora e que está no movimento com coragem, Com essa junção toda do movimento a gente vê que não foi em vão e que realmente fez diferença hoje em Brasília.Silvia Edith Marques - Porto Alegre.


Eparrei -O que você espera do pós Marcha Zumbi + 10?

Vi a Marcha legítima do movimento negro, vi a marcha presente com a maior dificuldade e sem nenhum centavo do dinheiro público, sem nenhum centavo do dinheiro do mensalão, sem nenhum centavo das estatais ou do crime organizado. Viemos com muita dificuldade do Maranhão, não sabemos como vamos voltar, mas na luta do povo negro tem isso, a gente sempre encontrou muita dificuldade nunca foi fácil.Esperamos que mude a nossa história, que a gente continue lutando e que marche unido pelos nossos interesses. Walter Marisia- Comitê Maranhense Zumbi +10.


Eparrei – O que você espera do Pós Marcha?

Viemos com 16 pessoas do Ilê. Espero que o governo escute o que está sendo pedido que são coisas simples e fáceis. Não adianta a gente ser a maioria de negros, se eles acham que a gente nunca precisa de nada. Hoje é um dia marcante para se refletir sobre isso e atender ao que a gente está pedindo porque são coisas simples. Só depende deles agora.Logo mais iremos nos confraternizar com nosso povo . O Ilê Aiyê trouxe um repertório musical bem legal, em cima da Marcha. As dançarinas negras vão mostrar hoje o que trouxemos da cultura baiana. Nei -técnico de som do Ilê Aye

Eparrei - Como foi participar da Organização da Marcha ?

Aglutinar muita gente na Esplanada não é muito fácil, então nesse sentido acho que o que a gente tentou e vem tentando é manter viva essa chama da luta, da resistência negra, que estava tão presente. É muito interessante todo esse encontro, porque a gente é uma militância jovem, um grupo que tem apenas quatro anos de idade, tendo essa responsabilidade, para com essa luta e também esse encontro muito legal. Aprendemos muito e para nós é um sucesso tudo isso. Rafael do EnegreSer

Eparrei - Como é que foi chegar aqui? Conseguiram patrocínio?

Foi uma luta. Há quatro meses estamos tentando, falando com todos aqueles que têm o poder e conseguimos vir em três ônibus depois de muito custo. É difícil branco entender a nossa luta. Para qualquer outra coisa que não tenha valor nenhum, é tudo muito fácil, mas como somos negros, vamos à luta, nunca desistimos.Orummilá- Riberão Preto


Eparrei - Qual a sua opinião do processo todo da Marcha?

O processo da marcha Zumbi se diferenciou pela atuação política do movimento negro que não viu na marcha somente um evento, uma atividade para o dia 16, mas todo um processo que desenvolveu atuações políticas, análises conjunturais que culmina com esse momento de hoje. A minha avaliação é de que a Marcha Zumbi marca essa postura política do movimento negro que é autônomo a uma conjuntura que é circunstancial que vai além, que é a condição do Estado em relação à população negra. N um momento em que o movimento negro vem, e traz essa marcha para Brasília, está coroando essa atuação política que diz respeito a uma visão da sociedade, de uma sociedade de igualdade racial e de gênero.

Eparrei - Atruar juridicamente seria a solução para implementar as ações contidas no Estatuto da Igualdade Racial?

Não seria a solução, mas seria um instrumento. A gente já analisou que não adianta fazer proposições de políticas públicas sem existir dinheiro. Então o Fundo da Igualdade Racial é um instrumento necessário para que essas políticas sejam implementadas realmente. Não adianta a gente ter um Estatuto, ter leis, se elas não forem aplicadas e se não houver uma verba continuamente vinculada, formulada para essas políticas públicas, que devem ser políticas articuladas a um processo de mudança estrutural, não pode ser somente ações pontuais.

Eparrei - Um momento de emoção no percurso?

Todo o percurso.Rebeca Duarte - Observatório Negro e Articulação Negra de Pernambuco


Eparrei - Como é estar aqui na Marcha com a Articulação de Mulheres Negras?

Achei a Articulação especialmente bem organizada. Acabamos de vir do encontro com a Ministra Nilcéia e creio que a partir do momento em que ela se dispõe a nos receber, e marca uma reunião para o dia 16 ou 18 de dezembro, tentando dar uma afinada no resultado da Conferência e especificamente nas questões das mulheres negras, creio que aí é um marco com um avanço substancial. Arilda Passos- Santa Catarina-Articulação Nacional de Mulheres Negras.


Eparrei - Como foi chegar do Amapá até aqui?

Viemos com o apoio da Articulação de Mulheres negras. Estamos em 30 mulheres no total , do Norte veio com esse apoio temos também outras mulheres do Nordeste que vieram por conta própria.

Eparrei - Como você vê o pós marcha?

Com a reunião que tivemos hoje com a Ministra essa marcha do dia de hoje 16 foi um ganho significativo para o movimento de mulheres negras. Ela vai atender o movimento agora dia 18 e é um ganho muito grande porque vai ter uma interferência direta nas políticas públicas. Conversar com a Ministra Nilcéia é trazer horizonte para as mulheres negras. Dorica do Imena - Amapá.


Eparrei - Como você viu a Marcha?

Para nós lésbicas foi uma conquista estarmos ocupando os nossos espaços em todos os movimentos. 10 % da população já teve uma prática homo erótica (já se relacionou com pessoas do mesmo sexo), só que no nosso caso nós lésbicas negras, a nossa repressão é um pouco mais forte, porque as pessoas acham que por sermos mulheres e sermos negras, temos que estar a serviço dos homens. Para nós lésbicas é um movimento emancipatório porque nós somos as que por exclusão, saímos primeiro de casa, então a gente se emancipa antes das mulheres brancas. Essa marcha teve um significado muito forte, inclusive para o próprio movimento negro discutir a diversidade. Nós lésbicas negras queremos também fazer parte desse conjunto.

Eparrei - O movimento negro é homofóbico?

Olha hoje nós consideramos que eles já têm uma leitura um pouco melhor, mas a gente ainda encontra muitos companheiros achando que a gente ainda é lésbica porque não passou por suas camas. Isso tem melhorado, mas ainda falta porque continuamos sendo assassinadas, estupradas, excluídas, não conseguindo ascensões dentro de trabalhos, dentro de alguns cargos por sermos lésbicas, por sermos mulheres e por sermos negras. Para nós esse 16 de novembro foi uma grande vitória e com certeza estaremos em todos os outros espaços. Rosângela Castro – Grupo de Mulheres Felipa de Souza - RJ

Eparrei - Você que acompanhou todo o percurso, o que achou da Marcha?

Adorei a Marcha, mas acho que esses encontros da comunidade negra não deverá ficar só em Brasília, a proposta e fazer por todo o Brasil eventos no 20 de novembro e outras datas colocando o povo negro na rua. Will Boy - Goiânia

Eparrei - Você que sempre se posicionou nas listas de discussões e no Blog ,como vê essa Marcha ?

Acho que é um processo duro por um lado. Aconteceram vários momentos em que se tentou baixar o tom de uma forma em que se buscou desqualificar o lado contrário, e isso é muito ruim, porque gerou desgastes pessoais, ataques pessoais, coisas que desde o início não fizemos. Sempre nos pautamos em uma posição de estar esclarecendo as pessoas de que havia uma divisão e que é uma divisão inclusive artificial, mas que ela foi surgindo e foi ganhando corpo. Por esse aspecto achei que foi muito ruim esse processo. Mas, por outro lado teve o lado positivo, ou seja, o processo em si, ou o final dele na concretização da marcha, também é um divisor de águas, também delimita muito bem os campos. Estarmos aqui sem bandeiras de partidos, estarmos aqui sem bandeiras de sindicatos, significa aquilo que a Alzira diz: "estamos aqui por nossa própria conta", e estar por nossa própria conta, tem ônus e tem bônus. O principal ônus é exatamente o fato de ter que fazer uma luta muito mais forte exatamente porque todas as dificuldades de recursos, as portas se fecham, mas, por outro lado à gente consegue trazer muita qualidade, quem vem, vem com muito compromisso, com muita trajetória pessoal e trajetória institucional séria no movimento negro. Acho lindo, dez e parabéns para todos nós. Márcio Alexandre - Editor de Afirma

Eparrei - Deise Benedito é correto que você ficou em cima do muro ou estava indecisa em participar junto com as companheiras do Movimento?

Eu não tucanei e não fiquei em cima do muro. Sempre tive a minha posição que movimento social é movimento social. E o primeiro movimento social desse país foi o quilombo dos Palmares. Foi quando negros, índios e pobres se rebelaram contra o movimento escravagista, fundaram seus quilombos, lá desenvolveram a sua agricultura, a metalurgia, a sua agropecuária. Foi um exemplo que deu certo de uma política de governo que não se pode dizer que era República, que era socialismo, mas tinha eleições diretas. Isso nos anos de 1600, quer dizer, enquanto a esquerda brasileira não entender o que foi Palmares, esse país não sai de onde está. Essa experiência do movimento popular, essa organização popular que foi Palmares, é que revive a vida, significa a existência do movimento negro nos dias de hoje. E eu sempre estive com o dia 16 porque defendo que governo é governo e sociedade civil é sociedade civil, e principalmente eu defendo o direito máximo à liberdade de ir e vir, o direito de associação. Nossa dignidade, nosso compromisso com a nossa ancestralidade não tem preço.

Eparrei - Para as mulheres negras, como é que você vê o pós marcha Zumbi + 10?

Há um sentido muito mais amplo para as mulheres negras, porque a presença de jovens e mulheres negras jovens e mulheres negras lésbicas, mulheres negras portadoras de deficiência, isso mostra uma força de uma ancestralidade muito forte, a presença das mães de santos, das yás, a presença feminina na marcha tem um tom totalmente diferente, porque foram as mulheres o sustentáculo do tempo da escravidão, foram as mulheres que saíram as ruas, e sairam do privado da Casa Grande, para ir para rua ser vendedora quituteira, para comprar a carta de alforria para os seus filhos e maridos, e hoje são as mesmas mulheres negras que trabalham na casa de família, no trabalho informal para conseguir pagar um advogado para tirar seus filhos da cadeia.

Eparrei - E o Fundo da igualdade racial?

Eu acho um verdadeiro absurdo. Porque num país que tem mensalão, tem que ter reparação. É inadmissível, em qualquer orçamento, em qualquer política pública voltada para qualquer população, seja negra, indígena, que não se tenha fundo principalmente com a dívida histórica, moral que o Estado brasileiro tem com a população negra. É o Estado brasileiro, entendeu. A vinda dos meus ancestrais para cá não tem dinheiro que pague. Os que chegaram e os que morreram dentro do navio.Precisamos de um fundo. Se eu pago imposto tem que ter fundo. Se tem fundo para uma série de coisas porque que não pode se criar um fundo para a população negra. Aí vão dizer que é racismo, agora os fundos das multinacionais e dos bancos isso não é racismo.

Para socorrer banco falido o governo tem dinheiro, para dar reparação para o povo negro e políticas públicas com dinheiro, não tem. Falo pelo Fórum, pelo Fala Preta, falo enquanto cidadã brasileira e mulher negra que resiste. Deise Benedito - Fala Preta

Eparrei - Wânia, como é que você analisa o antes, o durante, o percurso e o pós Marcha Zumbi?

As organizações e as pessoas que vieram estão de parabéns pelo trabalho que fizeram de mobilização, de discussão e de persistência de estarem aqui. Isso é um esforço nosso, um esforço pessoal, um esforço institucional que a gente deve valorizar. Nesse momento que o dia 16 é uma realidade, nós estamos aqui para provar que o dia 16 faz parte da folhinha do ano de 2005, e que amanhã vai ser 17, que nós vamos estar felizes, contentes, super realizados por termos feito que o dia 16 se torne um dia para nós de manifestação plena de autonomia.

Eparrei - O pós marcha Zumbi?

O pós ainda vai depender dessas audiências que a gente tem agora marcadas. Temos três audiências, com a Ministra Nilcéia Freire, uma audiência no Supremo Tribunal do Trabalho e a audiência com o Presidente da Câmara Aldo Rebelo. Agora a nossa passagem pela Esplanada, fez com que duas outras audiências fossem marcadas. É o que eu tenho dito nós retiramos essas audiências no chão, com um carro de som e nós no chão. Então eles decidiram, o Presidente da República, e o Ministro Marcio Thomas Bastos irão nos receber daqui a pouco. Para nós é uma imensa vitória porque o silêncio que eles quiseram nos impor não deu resultado, eles tinham que ouvir.

Eparrei - Um momento de emoção?

O momento de emoção do percurso foi a fala do João Jorge na frente do Ministério da Justiça, tem a ocupação das quatro faixas da Avenida da Esplanada do lado direito, quando a prática é ocupar apenas as duas faixas e deixar as outras duas faixas para os carros. O Jorge foi muito feliz em dizer, "eles têm que esperar, nós esperamos 500 anos. Não temos que ceder espaço aos carros, às pressas dos demais. E as nossas pressas e as nossas urgências?". Outro momento foi em frente do Ministério da Fazenda em que eu pedi para falar. É inadmissível que técnicos e políticos ocupando o Ministério da Fazenda possam imaginar que eles tenham tido até o presente, atitudes responsáveis pela condução da nação. Eles não são pessoas responsáveis, se fossem responsáveis, não estariam deixando esse país imenso ir para o vinagre. Nós negros não somos pessoas pobres, somos pessoas empobrecidas pelas políticas traçadas por estes que dizem conhecer alguma coisa, e se eles conhecem a gente em situação tão vulnerável a única coisa que a gente pode duvidar é que eles não sabem muito, ou não sabem nada. E a condição da polícia que ali no final mostrou inabilidade e foi repreendida. Seus superiores ali, reconhecendo que estavam perdendo o controle, tiveram que tomar as rédeas e admitir que nós estávamos numa manifestação pacífica e eles tinham por obrigação manter esse percurso pacífico até o final. Eles sentiram a situação de constrangimento em que eles estavam se colocando.

Eparrei - Você comentava com as companheiras ,que essa marcha foi a primeira marcha do movimento negro com mulheres na direção do carro de som.

Essa marcha tem uma participação das mulheres negras, impressionante e foi um momento áureo pelo grau de respeitabilidade que os homens negros, objetivamente demonstraram em relação às mulheres negras. Nesse campo de organização estou satisfeita com as atitudes dos homens negros que estiveram presente nessa marcha, e, em todas as situações souberam resolver e entender que os ataques a desqualificação que estava sendo enviada via listas de discussões era de uma irresponsabilidade, uma vergonha que eles não precisavam e nem deviam compartilhar. Wânia Santana - Historiadora


Eparrei Isabel como a Senhora vê a Marcha?

Nunca participei, foi a primeira vez.Está maravilhosa, colorida, jovens, pessoas de idade, senhoras com mais de 70 anos participando, andando. Aprendi no processo todo que se as mulheres negras quiserem elas podem tudo. Isabel Aristides - Diretora da Casa de Cultura da Mulher Negra


Eparrei -
Mafoane, sua avaliação sobre a participação da juventude negra nesse evento? Você tem idéia de mais ou menos quantos jovens estiveram aqui?

Olha eu não tenho idéia mais sei que nós somos a maioria. O que mostra que a participação da juventude tem que servir para um processo de reflexão sobre esse novo momento que o movimento negro vive.

Houve uma articulação nacional para colocar jovens no dia 16?

Não, não houve porque a juventude veio pautado naquilo que ela considerou importante, agora nacionalmente o que a gente vem discutindo é que a construção de duas marchas foi muito ruim para todo esse processo como aprendizado da juventude .Eu não acredito que a critica possa ser feita de fora, eu vim aqui para dizer isso, os pontos que menos discordo é na marcha do 16, e por isso estou aqui, porque eu acredito nas pessoas que estão aqui.Mafoane Odara- CEERT- São Paulo.

Eparrei- E aí Jocelino vibrando muito?

Estou boquiaberto com o resultado.A gente correu atrás, A Cida Bento foi maravilhosa no apoio nos influenciando para escolha das pessoas conscientes. .Foi duro chegar de ônibus, mas o pessoal de São Paulo está aqui.Valeu Zumbi !

Jocelino Ceert-

Eparrei - Luíza como para o Cedenpa foi chegar aqui?

Olha, nós viemos na força, na raça no compromisso com o movimento negro, por termos acertado uma data mais venho trazendo muita energia, sentindo a energia e o axé do nosso povo paraense. Maria Luíza- Belém do Pará- Cedenpa.


11.24.2005

Lista de Organizações Participantes da Marcha Zumbi + 10 - 16 de Novembro de 2005

Esta é a primeira tentativa de sistematizar o total de organizações participantes da Marcha do dia 16. Nesta lista entram organizações que foram listadas pela Casa de Cultura da Mulher Negra de Santos e pela equipe do Irohin. Provavelmente algumas organizações não estejam nesta lista. Pedimos então que entrem em contato para que possamos inseri-las à listagem.

  1. A Mulherada – Salvador/Bahia
  2. ABC Sem Racismo / São Paulo
  3. ABONG – Associação Brasileira de ONGs
  4. ABPN - Associação Brasileira de Pesquisadores Negros
  5. ACMUN - Associação Cultural de Mulheres Negras - RS
  6. ACMUN – Associação de Mulheres Negras/ Rio Grande do Sul
  7. ACONERU – Associação das Comunidades Negras Rurais do Maranhão
  8. Afirma – Comunicação & Pesquisa - RJ
  9. Afoxé Alafin Oyó – Recife/Pernambuco
  10. Afoxé Oyá Alaxé – Recife/Pernambuco
  11. Afropress - São Paulo
  12. AKANI – Porto Alegre/ Rio Grande do Sul
  13. AMB - Articulação de Mulheres Brasileiras
  14. Amma Psique e Negritude - SP
  15. AMNB - Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras
  16. Anciãs do Amanhecer Negro contra a Discriminação Religiosa
  17. Articulação de Ongs de Mulheres Negras
  18. Articulação Estadual do MNDH – Pernambuco
  19. Articulação Negra de Pernambuco - PE
  20. Associação Cultural Omnirá - Maranhão
  21. Associação das Mulheres Negras de Goiás - GO
  22. Associação das Trabalhadoras Domésticas da Baixada Santista
  23. Associação de Capoeira Ladainha – Brasília/DF
  24. Associação de Donas de Casa contra a Carestia
  25. Associação de Mães contra a Mortalidade Materna
  26. Associação de Mães de Santo Gumenzala-Baixada Santista-
  27. Associação Ori Odara- Uberlância - MG
  28. Bamidele – Organização de Mulheres Negras / Paraíba
  29. Banda Afgro Axé Dudu – PA
  30. Banda Visual Ilê- Brasília/DF
  31. Bloco Afro Abibimã – Maranhão
  32. Bloco Afro Didara – Maranhão
  33. CACES / Rio de Janeiro
  34. Cades - Centro de Artes de Santos
  35. Campanha Dialógos Onde Você Guarda o Racismo
  36. Campanha Reaja ou Será Morto/Reja ou Será Morta - BA
  37. CANBENAS - Coletivo de Alunos Negros Beatriz Nascimento - GO
  38. Capoeira Palmares de Araras
  39. Caretada - Quilombo dos Amaros – Paracatu / Minas Gerais
  40. Casa da Cultura da Mulher Negra/Santos -SP
  41. Casa da Mulher Catarina/Florianópolis - Santa Catarina
  42. Casa Laudelina de Campos Melo – Campinas/São Paulo
  43. CCN - Centro de Cultura Negra do Maranhão
  44. CEAFRO – Educação e Profissionalização para Igualdade Racial e de Gênero
  45. CEDENPA – Centro de Defesa do Negro do Pará/Belém - Pará
  46. CEERT – Centro de Estudos das Relações do Trabalho e Desigualdades
  47. CENAP – Centro Nordestino de Animação Popular
  48. Centro Afro-Cultural Coisa de Negro - PI
  49. Centro Afro-Cultural Coisa de Negro – Piauí
  50. Centro Cultural Orunmilá - Ribeirão Preto - SP
  51. Centro D. Hélder Câmara – Recife/Pernambuco
  52. Centro das Mulheres do Cabo - Pernambuco
  53. Centro de Convivência Negra da UnB
  54. Centro de Cultura Luiz Freire – Recife/Pernambuco
  55. Centro de Cultura Negra do Maranhão - MA
  56. Centro de Referência Negra Lélia Gonzalez/Goiás
  57. Centro de Tradições Populares – Sobradinho/DF
  58. Centro Laudelina de Campos Melo - Campinas
  59. Cidadania Feminina – Recife/Pernambuco
  60. Coletivo de Entidades Negras de Salvador/Bahia
  61. Coletivo de Mulheres Negras – Rio Grande do Sul
  62. Coletivo de Normalistas Negras – Porto Alegre – Rio Grande do Sul
  63. Comissão dos Negros da OAB - Baixada Santista
  64. Comissão Pastoral da Terra
  65. Comissão Pastoral da Terra – Recife/Pernambuco
  66. Comitê Zumbi + 10 do Pólo Coroadinho - Maranhão
  67. Comitê Zumbi + 10 do Pólo Itaqui/Bacanga - Maranhão
  68. Comitê Zumbi +10 do Pólo Liberdade - Maranhão
  69. Companhia dos Comuns – Rio de Janeiro
  70. Comunidade Bahá'í
  71. Comunidade Quilombola Cedro – Goiás
  72. Comunidade Quilombola Kalunga – Goiás
  73. Comunidade Quilombola Kalunga de Cavalcanti – Goiás
  74. Comunidade Quilombola Kalunga de Monte Alegre – Goiás
  75. Comunidade Quilombola Kalunga de Teresina – Goiás
  76. Comunidade Quilombola Mineiros – Goiás
  77. Comunidade Visual Ilê - GO
  78. Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra de São Paulo
  79. Conselho de Participação e Desenvolvimento da Comunidade Negra do Estado de São Paulo
  80. Conselho Municipal das Populações Afro-descendentes de São Luiz - Maranhão
  81. Criola - RJ
  82. Dignitatis – Recife/Pernambuco
  83. EnegreSer – Coletivo de Estudantes Negr@s no Distrito Federal e Entorno
  84. Erêgege/Salvador – Bahia
  85. Escolas de Samba Porto Cristal de Rio Claro
  86. Fala Negra - Paracatu - MG
  87. Fala Preta - SP
  88. Federação de Capoeira do Maranhão
  89. Fórum de Entidades Negras de Goiás - Goiás
  90. Fórum de Entidades Negras do Maranhão - Maranhão
  91. Fórum de Entidades Negras do Mato Grosso do Sul
  92. Fotur – Porto Alegre/ Rio Grande do Sul
  93. Fundação Municipal Zumbi dos Palmares de Ituiutaba - MG
  94. GAJOP - Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares – Recife/Pernambuco
  95. GDAM - Grupo de Dança Afro Malungo – Maranhão
  96. GECNI - Grupo de Estudos e Consciência Negra de Ituiutaba - MG
  97. Geledés - Instituto da Mulher Negra - São Paulo
  98. GESTOS – Soropositividade e Gênero – Recife/Pernambuco
  99. Grupo Afro-Dance - Paracatu – Minas Gerais
  100. Grupo Cultural Olodum - BA
  101. Grupo de Capoeira Sol Nascente – Brasília-DF
  102. Grupo de Consciência Negra de Ituitaba – Minas Gerais
  103. Grupo de Mulheres Felipa de Souza /Rio de Janeiro
  104. Grupo de Mulheres Negras Mãe Andresa – São Luiz/Maranhão
  105. Grupo de Mulheres Negras Malungas – Goiás
  106. Grupo de RAP Liberdade Condicional – Brasília - DF
  107. Grupo Fala Negra – Minas Gerais
  108. Grupo Negro Palmares Renascendo - Maranhão
  109. Grupo Negro Palmares Renascer – MA
  110. Grupo Panteras Afro Brasileiras
  111. Grupo Tez – Trabalho Estudo Zumbi – Mato Grosso do Sul
  112. Grupo Transas do Corpo – GO
  113. Iara Advogacia – RJ
  114. Ilê Aiyê/Salvador - Bahia
  115. Ilê de Exu / Rio de Janeiro
  116. Ilê Manjelê Ô / Rio de Janeiro
  117. Ilê Oju Oyá-Santos - SP
  118. Ilê Omiojuarô / Rio de Janeiro
  119. IMENA – Instituto de Mulheres Negras/Amapá
  120. IMUNE – Instituto de Mulheres Negras/Pará
  121. INABRA - DF
  122. INCAB - Grupo de Capoeira Nzinga/ Brasília - DF
  123. Instituto 21 de Março – Consciência Negra e Direitos Humanos/PR
  124. Instituto AMMA Psique e Negritude/São Paulo
  125. Instituto Cultural Steve Biko - Bahia
  126. Instituto Kuanza - São Paulo - SP
  127. Instituto Mariama/Bahia
  128. Instituto Negras/ Ceará
  129. Instituto Patrícia Galvão – São Paulo/SP
  130. Interfórum Global – São José do Rio Preto/ SP
  131. Ìrohìn - Comunicação a Serviço dos Afro-Brasileiros - DF
  132. Jovens Negras de Santos
  133. Maria Mulher Organização de Mulheres Negras/ Rio Grande do Sul
  134. Movimento Hip Hop Favelafro – Maranhão
  135. Movimento Hip Hop Quilombo Urbano – São Luiz/Marnhão
  136. Movimento Rural Sem Teto
  137. Mulheres Negras em União / Belo Horizonte/ Minas Gerais
  138. NEAAD - UFG
  139. NEINB/USP – São Paulo
  140. Novo Mundo – Recife/Pernambuco
  141. Núcleo Afro Brasileiro Santa Bakita
  142. Núcleo de Universitárias Negras do Vale da Ribeira
  143. Núcleo Rapensando de Vicente de Carvalho Samaritá - Cubatão
  144. Núcleo Religiosas Negras da Capela Aparecida da Baixada Santista
  145. Núcleos de Educadores Pró Educação Anti Racista de Santos
  146. Nzinga - BH
  147. Observatório Negro – Recife/Pernambuco
  148. Oficina Affro – Maranhão
  149. Organização de Mulheres Negras Maria do Egito - Sergipe
  150. Pastoral Afro-Brasileira
  151. Projeto Fala Negão
  152. Projeto Quilombola Cadê Você - Ribeirão Preto - SP
  153. Promotoras legais Populares - São Paulo
  154. Promotoras Legais Populares do H.M. São Mateus/ São Paulo
  155. Quilombo Acervo de Araras – São Paulo
  156. Rádio Comunitária Conquista - Maranhão
  157. Rádio Comunitária Liberdade - Maranhão
  158. Rede Feminista de Saúde e Direitos Sexuais e Reprodutivos
  159. Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares - Pernambuco
  160. REDEH/CEMINA – Rio de Janeiro
  161. Serviço Ecumênico de Militância nas Prisões – Pernambuco
  162. Sindicato dos Urbanitários - Maranhão
  163. Sinos Comunicação – Recife/Pernambuco
  164. Sociedade Maranhense de Direitos Humanos - MA
  165. Terno Grupo de Moçambique Camisa Rosa de São Benedito e Nossa Senhora do Rosário – Minas Gerais
  166. Terreiro Afro Religioso Fanti-Ashanti – Maranhão
  167. Ubuntu – Estudantes Negras da UNEB/Salvador – Bahia
  168. Uiala Mukaji – Sociedade de Mulheres Negras de Pernambuco

11.23.2005

A que será que se destina?

Fátima Oliveira


Eu poderia discorrer dias e dias sobre as emoções de marchar sobre Brasília dia 16 de novembro na Marcha Zumbi 10 – do período preparatório ao Dia D. Contento-me em compartilhar o “Tag des Zumbi” (Dia de Zumbi), em Berlim, e uma definição cunhada para demonstrar pura felicidade de quem teve a coragem de marchar sobre Brasília por sua própria conta: “Sim, há coisas que o dinheiro não compra”...

Por exemplo, obrigar o governo a nos ouvir e ver ministros(as) implorando, na última hora, uma “visitinha da Marcha”...

Aldo Rebelo, com aquele ar zen, recuperando a cara de indignação tranquila dos antigos tempos de presidente da UNE (fiquei com saudades, viu Aldo!), afirmou que seu compromisso com a construção da democracia exige que ele, como presidente da Câmara, paute, em breve, um amplo debate sobre a liberdade de religião, pois as religiões de matrizes afro não podem mais seguir sendo aviltadas.

Não em nosso país! Quanto à nossa opinião sobre o Estatuto da Igualdade Racial como mera peça de retórica (aprovado no Senado sem o Fundo Nacional de Promoção da Igualdade Racial!) e que não temos a pressa que tem o governo de “fazer bonito para preto ver”, Aldo Rebelo disse que o governo deseja a votação logo, mas nos acalmou ao afirmar que a “obstrução da pauta” na Câmara trabalha a nosso favor. Para quem sabe ler, um pingo é letra.

O “Tag des Zumbi”, em Berlim, foi dez! “Que navio é esse que chegou agora/ É o navio negreiro/ Que veio lá de Angola”...

Fala meu amigão Adauto: “Essa era a música tema que a bailarina e coreógrafa Zula Leme usou no workshop de dança “Zumbi dos Palmares”, em 18/11/2005, na Escola Primária Estadual Neues Tor Europa-Schule Deutsch-portugiesisch, em Berlim”.

Sim, a Marcha Zumbi 10 na Alemanha! A coreografia fala de uma aldeia africana invadida pelos portugueses, cujo povo foi escravizado e deportado, num navio negreiro, para o Brasil, sofreu muito, até que surgiram “zumbis e dandaras de Palmares” para libertar seu povo...

E o símbolo de liberdade que dançarinos( as) escolheram foi o Sol – símbolo de orixá Légba, no Haiti. Foi um dia repleto de emoções – tendo como público 300 crianças, professores, a direção da escola, familiares, artistas e militantes convidados.

Zumbi e seu povo chegaram aos corações e mentes daquelas crianças, via a aula “Zumbi e Palmares” e as oficinas de capoeira, maculelê, jongo, história do samba no Rio de Janeiro, bumba-meu-boi do Maranhão e maracatu. Sim, Adauto, há coisas que o dinheiro não compra...

11.22.2005

Ouro Preto Muda Bandeira


Ricardo Bouez \"XP\" escreveu:

Hoje, 20 de novembro de 2005, foi mais um dia histórico para Ouro Preto. A antiga bandeira da cidade foi substituída oficialmente, por uma nova bandeira.

A diferença entre as duas foi muito mais que simbólica!!! A antiga bandeira tinha uma inscrição racista, onde se lia: "precioso, ainda que negro", em latim "proetiosum tamem nigrum". Hoje foi "inaugurada" a nova bandeira com a nova frase inscrita: "PRECIOSO OURO NEGRO", em latim "PROETIOSUM AURUM NIGRUM".
Esta era uma antiga reivindicação do FIROP, Fórum da Igualdade Racial de Ouro Preto, que hoje conquistou mais uma vitória.

Viva Ouro Preto!! Viva o povo preto!! Viva o Brasil!!

Viva ZUMBI!!!!

Saudações FIROPianas,

Ricrdo Bouez "XP".



Ouro Preto queima bandeira racista:
Em solenidade de Comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra, 20 de novembro, Ouro Preto queima bandeira racista onde se lia: "proetiosum tamen nigrum" "precioso ainda que negro" e inaugura novo pavilhão escrito "proetiosum aurum nigrum" "precioso ouro negro". Trata-se de uma demanda antiga do FIROP que o prefeito da cidade teve a ousadia e a coragem para mudar.

Mulheres negras destacam-se na mobilização





Image A Marcha Zumbi +10, realizada no último dia 16, em Brasília, foi construída com a contribuição e um grande esforço e investimento das mulheres negras e de suas organizações e articulações. Este é um aspecto importante no balanço de sua realização, onde se ressalta a autonomia dos movimentos em todo o processo.

Entre os resultados da Marcha, está o compromisso da ministra Nilcéia Freire, da Secretaria Especial de Políticas para Mulheres, de organizar um debate sobre o Plano Nacional de Políticas para as Mulheres, na perspectiva da mulher negra. Esta atividade será realizada em dezembro e foi definida em audiência da ministra com várias redes e articulações do movimento de mulheres - entre as quais: a AMNB, o Fórum Nacional de Mulheres Negras, a Rede Feminista de Saúde e a AMB.

Depois de dez anos da Marcha Zumbi dos Palmares Contra o Racismo e pela Cidadania, na qual compareceram caravanas de militantes de todos os estados do Brasil, para a apresentação e entrega de um documento com proposições de políticas ao então presidente Fernando Henrique Cardoso, a Marcha Zumbi +10, realizada dia 16, foi marcada novamente por um tom de crítica à atual política do Governo Federal.

Nessa crítica, coloca-se a insuficiência da criação de um órgão, como a Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR, pois em que pese seu caráter simbólico, não se verificou, até o momento, o aporte de recursos necessário à imple-mentação de políticas de reparação ao povo negro.

No âmbito do Legislativo, a aprovação de um Estatuto da Igualdade Racial sem os mecanismos de

financiamento para políticas voltadas à superação da desigualdade racial apenas reforça o quadro de descompromisso do Estado com o enfrentamento da desigualdade de raça, em suas várias expressões.

Frente a este contexto e aos alarmantes indicadores sobre a população negra em diversas áreas, como os destacados na pesquisa Ipea-Unifem (nota nesta edição) e pela Folha de São Paulo (veja box), as e os militantes presentes à Marcha Zumbi +10 reivindicaram, entre outras propostas, a criação de um fundo de promoção da igualdade racial, originalmente presente no texto do Estatuto da Igualdade Racial. Mas, para que isso se materialize será preciso que o Governo Federal reveja suas prioridades, garantindo os recursos necessários. Na opinião de Schuma Schumaher (Redeh/AMB), a luta contra o racismo deve ser uma luta de todos e de todas, já que é uma reivindicação por justiça social.

Audiências

Enquanto a Marcha acontecia em Brasília, mobilizando cerca de 8 mil militantes, uma comitiva de lideranças do movimento negro percorria a Esplanada dos Ministérios para audiências com as ministras Nilcéia Freire (SPM) e Matilde Ribeiro (Seppir) e com os ministros Márcio Thomaz Bastos (Justiça) e Luiz Dulci (chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República). A comitiva também foi recebida pelo presidente da Câmara, Aldo Rebelo, e pelo presidente Lula, para o qual foi apresentado um documento contendo observações sobre as ações do governo e um conjunto de proposições do movimento.

A distância entre um Brasil negro e um Brasil branco

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2005 – Racismo, Pobreza e Violência, divulgado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), na última sexta (18), denuncia o enorme distanciamento da população negra e branca, dentro no ranking que mede o desenvolvimento social no mundo, num conjunto de 173 países.

Quando o Brasil é analisado apenas a partir de dados referentes à população branca, ocupa o 44º lugar. Mas quando são considerados os indicadores da população negra, o país assume a 105ª posição nesse ranking, demonstrando as profundas desigualdades que possui. Mesmo em seu conjunto de indicadores para toda a população, o Brasil ocupa a 73ª posição, ficando inclusive distante de outros países da América Latina, como Argentina (34ª posição), Uruguai (40º) e México (54ª).

Retrato da desigualdade a situação da mulher negra no Brasil


Para marcar o Dia Nacional da Consciência Negra (dia 20/11), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Fundo de Desenvolvimento das Nações Unidas para a Mulher (Unifem) divulgaram, na última quinta (17), no Ministério da Cultura (Brasília), os resultados da pesquisa “Retrato das Desigualdades de Gênero e Raça”, desenvolvida de março a outubro deste ano.

A pesquisa teve como motivação inicial a de apontar as desigualdades entre negros e brancos e entre homens e mulheres nos mais diferentes espaços da sociedade. O estudo apresenta tabelas e infográficos construídos com dados de uma década (1993-2003), englobando os principais aspectos das áreas de educação, saúde, previdência social, emprego, renda, trabalho doméstico, habitação, saneamento, acesso a bens duráveis, exclusão digital, pobreza e desigualdade de renda.

De acordo com Vera Soares, coordenadora de Projeto do Unifem e responsável pela pesquisa na instituição, as principais conclusões do estudo indicam que as mulheres negras sofrem uma discriminação composta: a discriminação de gênero que se articula com a de raça, deixando-as em pior situação em quase todos os aspectos estudados. Para dar um exemplo, Vera destaca que 58% das mulheres negras com idade acima de 40 anos, no Nordeste, nunca tiveram acesso a exame clínico de mama.

Depois do lançamento em Brasília, o Unifem seguirá divulgando a pesquisa para seus parceiros estratégicos, a exemplo das organizações de mulheres e outras da sociedade civil e do governo. Para Vera Soares, a presença da ministra Matilde Ribeiro, da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) e do presidente do IPEA, Glauco Arbix, no ato realizado (dia 17) sinaliza que a pesquisa deverá contribuir para a construção de diagnósticos vinculados à formulação de políticas públicas.

No caso das organizações da sociedade, a perspectiva do Unifem é contribuir para que se apropriem de informações que possam fortalecer sua capacidade de pressão por políticas de combate às desigualdades de gênero e de raça.

Mais informações: www.ipea.gov.br ou pelos fones: (61) 3038-9291 (Unifem) / (61) 3315-05122/3315-5282 (Ipea).

11.21.2005

Vozes que nos vêm da Marcha

“Acima de tudo a afirmação de nossa autonomia , nós estamos dizendo que não aceitamos partidalização, não aceitamos interferências de centrais sindicais, nós prezamos a nossa autonomia”. Edson Cardoso- Coordenador do Jornal Irohin- Brasília

"Estamos aqui para mostrar que esse não é o Brasil que queremos. Não podemos mais aceitar a situação de miserabilidade em que está colocado o povo negro. As mulheres negras – esteio desta sociedade – continuam discriminadas no mercado de trabalho. Nossa juventude não têm acesso a cursos superiores e nossos idosos não são respeitados em sua sabedoria. Viemos de Santos com uma comitiva de 60 pessoas, representantes de associações de bairros, para participar da Marcha, junto com organizações do movimento negro de todo o país. Invadimos Brasília e exigimos o fim do racismo, da discriminação racial e de todas as formas de intolerância, bem como a aprovação do Estatuto e do Fundo da Promoção da Igualdade Racial. Se o poder é bom, o povo negro quer poder"! Alzira Rufino – Presidente da Casa de Cultura da Mulher Negra – Santos SP

"Queremos que o poder público olhe para a nossa gente e desenvolva políticas públicas que lhe resgatem a dignidade. Nosso principal projeto para depois desta Marcha é continuar lutando". Suely Carneiro – Geledés – São Paulo

"Que o Estado brasileiro assuma que nenhum país vai a lugar algum quando tem metade do seu povo como carga social". Fátima de Oliveira – Rede Feminista de Saúde - MG

"Esta Marcha recoloca plataformas pactuadas pelas entidades há dez anos que não foram implementadas de modo satisfatório pelo governo e ao mesmo tempo reafirma a autonomia e independência totalmente inegociáveis do movimento negro. O povo negro necessita de respeito à identidade cultural e a promoção da igualdade de direitos." Hédio Silva – Secretário de Justiça do Estado de São Paulo e militante do movimento negro

"Fazemos parte da grande comunidade negra do Brasil que vem a esta Marcha lutar contra o racismo e qualquer tipo de violência. Uma pastoral tem que estar presente aonde o povo estiver". Padre Jurandir Azevedo de Araújo – coordenador e mais 300 representantes da Pastoral Afro-Brasileira de São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Goiás e Rio Grande do Sul.

“As organizações e as pessoas que vieram estão de parabéns pelo trabalho que fizeram de mobilização de discussão e de perssintência de estarem aqui. Isso é um esforço nosso, um esforço pessoal, um esforço institucional que a gente deve valorizar. Nesse momento que o dia 16 é uma realidade, nós estamos aqui para provar que o dia 16 faz parte da folhinha do ano de 2005, e que amanhã vai ser 17, que nós vamos estar felizes, contentes, super realizados por termos feito que o dia 16 se torne um dia para nós de manifestação plena de autônomia”. Wânia Santana -Historiadora

"Faço parte de uma ong feminista que trabalha com ações educativas e esta Marcha está trazendo uma discussão mais forte sobre as questões relacionadas às mulheres". Elcimar Pereira – Grupo Transas do Corpo – Goiás

"Espero que depois desta Marcha aconteça uma reação do governo em relação à política de formação da igualdade racial. O fato do governo nos receber em audiência pública é um bom sinal. Desta Marcha participaram organizações de todo o Brasil, representantes que em suas falas colocaram o quanto é complexa e difícil a nossa realidade. O que de fato reivindicamos o governo só não realiza porque não quer.

Estar por nossa própria conta na Marcha significa que não estamos mais a fim de ficar aguardando soluções paliativas para um problema tão complexo como esse e que está dizimando a nossa população.

Queremos autonomia nas nossas reivindicações e formar parceria com outros setores como o movimento feminista, o MST e outros grupos que estão hoje aqui conosco. Temos hoje uma aliança política importante. Vir protestar conosco significou a consolidação de uma grande aliança". Lúcia Xavier – Criola e Articulação de Mulheres Negras Brasileiras

"Estamos nessa Marcha para lutar contra todas as formas de discriminação, exigir a aprovação do Estatuto da Igualdade Racial e que todos os nossos direitos sejam instaurados". Eliane Lima Mendes – Grupo Negro Palmares Renascer – Maranhão

"Passados 500 anos, vemos a periferia das cidades dominada pela pobreza. E essa pobreza tem cor e é negra. Viemos protestar contra todo tipo de racismo". Jorge Nascimento – Projeto Quilombola Cadê Você – Ribeirão Preto

"Viemos representando nosso axé e para combater a depredação das religiões de matriz africana". Ana Lúcia Santos e Edna Custódia de Souza – que faziam parte da comitiva dos grupos de terreiros de candomblé de Salvador, Bahia, que vieram em quatro ônibus, viajando durante 29 horas.

"Minha situação ainda é boa porque tenho comida em casa. Mas quanta coisa falta para os negros e negras. Meu filho pediu para que eu viesse ajudar na Marcha e estou aqui, segurando uma bandeira e muito feliz em participar". Laurenides de Jesus – 70 anos – Goiás

“Eu espero com essa marcha que realmenete a nossa questão contra a intolerência religiosa ela seja verdadeiramente discutida por todos os religiosos, não só por uma meia dúzia que debate.” Silvia - Yalorixá do Ilê Axé Omodé- Projeto fala negão – Cidade Tiradentes –SP

"Sou daqui de Brasília e não pertenço ao movimento. Mas, ontem, na casa da minha patroa, comentaram da Marcha e pensei: sou negra, tenho que participar. Estou me sentindo muito bem aqui. Vou me informar direitinho sobre as formas de lutar contra o racismo e ser mais participante." Maria Célia Tavares – Brasília

"Moça, não sei falar direito, mas estou feliz de estar aqui. Olhe só quantos jovens, quanta gente na rua. Isso é muito bonito, anima a gente que já sofreu tanto com o racismo." Iracema da Cruz – Brasília.

“Eu vi a marcha legítima do movimento negro , eu vi a marcha presente com a maior dificuldade, e sem um centavo do dinheiro público, sem nenhum centavo do dinheiro de mensalão. Viemos do Maranhão com muita dificuldade e não sabemos como iremos voltar, mas todo povo negro tem isso, a gente sempre encontrou muita dificuldade nunca foi fácil”. Walter Marisia- Comitê Maranhense Zumbi +10.

“Essa marcha representa um recomeço. É a mudança de nossas novas perspectivas, é a reflexão sobre aquilo que a gente já conquistou, e sobre aquilo que a gente retrocedeu. É uma possibilidade para pensar novos caminhos e pensar como é que trazemos a juventude para um novo processo político e de construção para promoção de uma igualdade racial”. Mafoane Odara CERRT- São Paulo

“Essa marcha representa um esforço de organização autônoma, independente, por sua própria conta e que faz uma reflexão aprofundada dos 10 anos que se passaram desde a primeira marcha que aconteceu em 1995. Fortalecer essa organização autônoma, a pauta de reivindicações, documentos que nós entregaremos à presidência da república. A idéia é manter essa articulação, avivar essa articulação continuamente e também fazer uma avaliação da marcha e seus impactos”. Cidinha da Silva - Instituto Kuanza -São Paulo

“ A marcha é um instrumento político sobre o Estado para respeitar os direitos, implementar as políticas públicas para o povo negro. Estive semana passada na região de Tumiraçú no Maranhão, onde morreram crianças de raiva, por uma doença do morcego e a maioria era negra. Então o estado brasileiro está nos devendo e tem que respeitar os nossos direitos." Luíz Alves Ferreira- Coordenador do Centro de Cultura do Maranhão

“A marcha retrata uma nova realidade, uma nova ordem do movimento negro. Imprime as nossas atividades, os nossos pensamentos, porque o movimento negro, com essa marcha, reafirma a sua independência e o seu papel de vanguarda de estar à frente fiscalizando , criticando e colocando políticas públicas na pauta das discussões do Congresso, do Executivo. Essa marcha marca que somos independentes, sempre estivemos na vanguarda e estamos aqui reafirmando isso”. Maurício Pestana-

“Essa marcha representa a luta histórica do povo negro e a sua organização em um movimento que é autônomo e hoje foi a demonstração dessa autonomia. A fala que o movimento traz nessa marcha é a fala de um povo que está independentemente das gestões políticas exigindo do estado políticas de reparação. Então a Marcha Zumbi +10 vem trazer essa autonomia e vem exigir diante do estado brasileiro reparações ao povo negro”. Rebeca Oliveira Duarte – Observatório Negro e Articulação Negra de Pernambuco


Fonte:
Boletim Eparrei Online - Casa da Cultura da Mulher Negra de Santos