Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.19.2005

O senador Abdias Nascimento é o vencedor do prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth





ImageO prêmio Franz de Castro Holzwarth foi criado no dia 8 de novembro de 1982 pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, para laurear, anualmente, aqueles que se destacam na defesa dos direitos humanos. O nome Franz de Castro Holzwarth é uma lembrança do advogado inscrito na OAB em 14 de julho de 1968, que dedicou a vida aos oprimidos, especialmente aos encarcerados.


ImageO senador Abdias Nascimento é o vencedor do prêmio de Direitos Humanos Franz de Castro Holzwarth -2005, concedido pela OAB SP e que será entregue em sessão solene no dia 16 de dezembro, às 18 horas, em sua sede, à Praça da Sé, 385. Receberão Menções Honrosas: o padre Rosalvino Mouràn Viñayo e a Ong SOS Carentes. A escolha dos vencedores é por eleição direta, da qual participam o presidente Fábio Romeu Canton Filho e todos os demais integrantes da Comissão de Direitos Humanos da OAB SP.“ Em sua 22ª Edição, o prêmio mais uma vez faz jus a um dos mais aguerridos combatentes pela igualdade racial no Brasil, seja no Movimento Negro ou no Parlamento. Sem dúvida, a luta pelo fim da discriminação racial tem de ser uma responsabilidade partilhada por toda a sociedade, porque somente assim poderemos acabar com os efeitos maléficos do racismo, na busca de alcançarmos uma democracia racial efetiva”, afirma o presidente da OAB SP, Luiz Flávio Borges D´Urso.

O ativista negro Abdias do Nascimento nasceu em 14 de março de 1914, em Franca, interior de São Paulo. Filho de uma doceira e de um sapateiro, Abdias estudou economia mas ficou conhecido pelas ações de valorização da cultura negra e contra o racismo. Diplomado em contabilidade pelo Ateneu Francano em 1929, transferiu-se posteriormente para o Rio de Janeiro, então Distrito Federal, onde bacharelou-se em ciências econômicas pela Universidade do Rio de Janeiro em 1938. Dramaturgo, ator, escritor e diretor, Abdias foi um dos fundadores da Frente Negra Brasileira, em 1931, e criou o Teatro Experimental do Negro (TEM), em 1944. Tem vários livros publicados, entre eles “Orixás”, “Drama para Negros e Prólogo para Brancos”, “Sortilégio”, “O Negro Revoltado, Sitiado em Lagos”, entre outros. Como ator, esteve ao lado de Cacilda Becker em Othelo, de Shakespeare, em 1946

Participou das revoluções de 1930 e 1932 e foi preso na década de 40 por em de atos de protesto contra o racismo em São Paulo. Dentro de sua cela, no Carandiru, criou o Teatro do Sentenciado, um dos embriões para o TEN, que surgiria anos mais tarde. Abdias foi um dos organizadores da Convenção Nacional do Negro, encontro realizado por dois anos no Rio e em São Paulo e que propôs à Constituinte de 1946 a tipificação da discriminação racial como crime de lesa-pátria. Participou também como organizador do primeiro Congresso do Negro Brasileiro, em 1950.
Concluiu o curso de sociologia no Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) em 1956.
Também combateu o Estado Novo e foi obrigado a deixar o país durante a ditadura militar, quando mudou-se para os Estados Unidos, em 1968. Voltou 10 anos depois e participou da fundação do Movimento Negro Unificado e do Partido Democrático Trabalhista (PDT), além de criar o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (Ipeafro)

Foi secretário de Defesa da Promoção das Populações Afro-brasileiras do Rio de Janeiro, em 1991,deputado federal, em 1983, e senador, em 1997. Suplente de Darci Ribeiro, Nascimento assumiu a vaga de senador depois que Ribeiro aceitou convite de Brizola para comandar o 2° Programa Especial de educação. É professor benemérito da Universidade do Estado de Nova Iorque e doutor honoris causa pelo Estado do Rio de Janeiro.Sua atuação como deputado foi centrada na defesa dos direitos humanos e civis dos negros no Brasil.

Procurando mostrar o racismo e a discriminação racial como questões nacionais, propôs a criação de uma Comissão do Negro na Câmara e também o estabelecimento de feriado nacional no dia 20 de novembro - aniversário de morte de Zumbi, como o Dia Nacional da Consciência Negra. Apresentou ainda um projeto de lei estabelecendo mecanismos de compensação para os negros ou afro-brasileiros, após séculos de discriminação, que previa a criação de uma cota de 20% de vagas para mulheres negras e de 20% para homens negros na seleção de candidatos ao serviço público. A proposta instituía ainda incentivos às empresas privadas para a eliminação da prática da discriminação racial, determinando também a incorporação ao sistema de ensino e à literatura de uma imagem positiva da família afro-brasileira, prevendo a inclusão no currículo escolar da história das civilizações africanas e do africano no Brasil.

Entre suas teses, destacam-se o quilombismo, que exige a preservação das comunidades remanescentes e apresenta a organização social dos quilombos como modelo de desenvolvimento alternativo; e o pan-africanismo, que incluiu a América Latina nas discussões sobre o racismo contra a idéia de democracia racial nos países sul-americanos.

O prêmio Franz de Castro Holzwarth foi criado no dia 8 de novembro de 1982 pela Comissão de Direitos Humanos da OAB-SP, para laurear, anualmente, aqueles que se destacam na defesa dos direitos humanos. O nome Franz de Castro Holzwarth é uma lembrança do advogado inscrito na OAB em 14 de julho de 1968, que dedicou a vida aos oprimidos, especialmente aos encarcerados.

Já receberam o prêmio Franz de Castro de Direitos Humanos da OAB SP: José Gaspar Gonzaga Franceschini (1983), José Carlos Dias (84), Heleno Fragoso (85), Padre Agostinho Duarte de Oliveira (86), Paulo César Fonteles de Lima (in memorian – 87), Ulisses Guimarães (88), Vanderlei Aparecido Borges (89), Fábio Konder Comparato (90), Maria Elilda dos Santos (91), Caco Barcelos (92), Herbert de Souza (Betinho - 94), Vicente Paulo da Silva (Vicentinho - 95), Dom Paulo Evaristo Arns (96), rabino Henry Sobel (97), Hélio Pereira Bicudo (98) e André Franco Montoro (in memorian - 99), pe. Júlio Lancellotti (2000), Dalmo de Abreu Dallari, Plínio de Arruda Sampaio e Ranulfo de Melo Freire (2001), Kenarik Boujikian Felippe (2003), Fermino Fecchio Filho (2004), Goffredo da Silva Telles Junior (2005).


Mais informações para a Imprensa pelos telefones (11) 3291-8175/8182.


fonte: http://www.oabsp.org.br