Marcha Zumbi +10

Espaço para divulgação da Marcha Zumbi +10, que ocorrerá no dia 16 de novembro de 2005, junto aos meios de comunicação, militância, mundo acadêmico entre outros.

11.18.2005

Personalidades negras destacam avanços

Brasília – À saída da audiência com o Presidente – que até o início da tarde sequer havia sido confirmada – lideranças da Marcha Zumbi + 10, diziam que o 16 de novembro entrará para a história do Brasil como o dia em que o Movimento Negro demonstrou que pode caminhar com as próprias pernas e que optou pelo caminho da independência e autonomia em relação ao Estado e aos Partidos.

Para o coordenador do Irohin, Edson Cardoso, os articuladores do protesto no dia 22/11, lideranças de organizações da base de apoio ao Governo como Conen, que reúne os ativistas do PT, Unegro, formada por militantes do PC do B, e sindicatos ligados à CUT, terão sérias dificuldades para explicar a manutenção do movimento projetado para dividir a Marcha de ontem.

A análise unânime entre as lideranças é de que, com a audiência com o Presidente e a reunião com os ministros, onde foi possível conversar em clima amistoso sobre as principais reivindicações da população negra, a articulação do 22 teve sua pauta esvaziada e perdeu razão de ser.

Reforça essa idéia o compromisso assumido por Lula de chamar a comissão representativa da Marcha novamente ao Palácio para uma reunião de trabalho a fim de dar uma resposta ao documento com reivindicações.

No palco armado na Esplanada onde durante todo o dia se apresentaram grupos musicais e, à noite, o Olodum, o clima era de euforia.

Os jornalistas Márcio Alexandre, editor da Revista Afirma e Rosane Borges, do Instituto Kuanza, de S. Paulo, ambos colunistas da Afropress, disseram que a Marcha demonstrou a unidade do povo negro que quer caminhar com as próprias pernas. A euforia era compartilhada por Sueli Carneiro, uma das principais lideranças negras do país e que considerou a Marcha um marco histórico na luta pela conquista da igualdade racial no país.

Segundo Edson Cardoso, agora a idéia é fazer uma reunião de avaliação dos próximos passos para não permitir a dispersão das energias da Marcha.

Veja mais opiniões sobre a Marcha Zumbi + 10

Maurício Pestana, cartunista: “A marca principal dessa Marcha é a independência. As dificuldades todas decorreram da opção pela independência. Se percebe pelas pessoas presentes e pelo cunho. Foi um evento feito na raça. Estou feliz com o que estou vendo. Essa Marcha pode ser um divisor de águas; uma reavaliação de todo o processo do Estado e o Movimento Negro. O Estado tem de ter políticas, mas não podemos deixar de ter senso crítico. Sem isso podemos perder o norte e cairmos na mesmice”

Hédio Silva Jr., Secretário de Justiça e Defesa da Cidadania de S. Paulo: “O que importa é que a sociedade saiba que existe um setor do Movimento Negro que não abre mão da nossa autonomia. A Marcha do dia 22 é uma contra-marcha. Tem grande chance de ser fraca politicamente. Esse pessoal que a está puxando carrega a marca histórica da fraqueza”.

Hélio Santos, historiador e militante: “Eu vejo uma trajetória palmarina que tem quase meio milênio. O MN é o movimento social mais antigo do Brasil. E a nossa resistência no sentido de mudar o país”.

João Jorge, presidente do Olodum: “Esse país não cresce porque a população negra foi jogada para fora desta República. Vão fazer suas contas como quiserem, mas a verdade é que sem nós, não há futuro”.

Humberto Adami, presidente do IARA: “Por que não há vendedores negros nos shoppings, nos restaurantes? Não há explicação plausível (para a inexistência de negros no mercado de trabalho) fora do preconceito racial.

Elisa Lucas, presidente do Conselho da Comunidade Negra do Estado de S. Paulo: Essa Marcha é uma reafirmação das reivindicações da população negra e também um posicionamento político por autonomia, por parte das lideranças do movimento negro ““.

Artur Xavier, único subprefeito negro da cidade de S. Paulo: “Sou subprefeito da Cidade Tiradentes, região que tem 80% de sua população formada por afrodescendentes. Com a minha presença na Marcha quero dizer que há espaço para mais subprefeitos negros e negras, que precisamos conquistar”.

Ministro Vantuil Abdalla, presidente do Tribunal Superior do Trabalho: “Vocês estão dando um exemplo, inclusive, para os filhos de vocês e as novas gerações. Estão de parabéns e contem comigo”.

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